ROMA, 15 de out de 2014 às 09:00
Os advogados de Asia Bibi estão trabalhando para definir a “memória de defesa” final que será apresentada ao Supremo Tribunal de Lahore (Paquistão) em 16 de outubro, data que poderia ser a última e decisiva audiência do processo de apelação desta mãe católica condenada à morte em primeiro grau por suposta blasfêmia, acusação que sempre negou.
Segundo comunica à agência vaticana Fides o advogado Naeem Shakir, membro do colégio de defesa, “tentaremos demonstrar à Corte a existência de uma conspiração contra esta mulher, que resistiu a muitas dificuldades e provas durante o processo e já pagou, até o momento, um preço muito alto”. “Entretanto, Asia se manteve firme em sua fé cristã -observa- e ainda o está”.
O autor da denúncia, recorda o advogado, é Qari Mohammad Salam, imâme de uma mesquita na aldeia de Ittanwali, no distrito de Nankana Sahib, em Punjab.
“Mas a denúncia -explica Shakir- ocorreu em 19 de junho, seis dias depois do presumível ato de blasfêmia (acontecido em 14 de junho). A declaração do denunciante se baseia no ‘ouvi falar’, visto que o imâme não estava presente na discussão em que Asia teria insultado o Profeta”.
“Nem o denunciante ouviu diretamente alguma expressão blasfema por parte da mulher. Todo o caso se baseia no testemunho de duas irmãs que brigaram com Asia e que, se sentindo humilhadas, registraram a ocorrência por rancor ou vingança”.
O advogado conclui expressando sua confiança: “estou certo de que seremos capazes de obter uma absolvição da falsa acusação de blasfêmia. Isto acontecerá se a Corte se pronunciar com base nos princípios estabelecidos pela justiça penal e não se deixar influenciar por pressões de grupos sectários e extremistas”.
Asia foi condenada à morte em 18 de novembro de 2010. Seu caso gerou no país e na comunidade internacional um amplo debate.
Dois políticos que tentaram defendê-la, declarando sua inocência, foram assassinados no Paquistão: o muçulmano Salman Taseer, governador da província de Punjab, morto em 4 de janeiro de 2011, e o católico Shabaz Bhatti, então Ministro federal das minorias, assassinado em 2 de março de 2011.
Os dois estavam solicitando um reexame da lei da blasfêmia, que se tornou “instrumento de opressão” devido à má-utilização que extremistas islâmicos fazem dela.