ROMA, 17 de out de 2014 às 17:27
Paul Bhatti, ex-ministro federal para a harmonia nacional e minorias religiosas do Paquistão, afirmou que ainda há esperança para a cristã Asia Bibi, pois no país ninguém foi executado pela lei da blasfêmia, entretanto alertou que os grupos extremistas islâmicos vão pressionar a Corte Suprema, última instância que verá este caso.
Em declarações à Rádio Vaticano, o líder católico qualificou de “muito triste e dolorosa” a decisão do Supremo Tribunal de Lahore de confirmar a condenação à morte contra Bibi, “o qual faz pensar que a justiça não existe para os mais frágeis”, mas era algo que se previa por todas as desculpas usadas para prolongar e desviar o processo, assim como as pressões dos grupos fundamentalistas muçulmanos.
Entretanto, recordou que esta não é a etapa final e, portanto, “ainda tenho esperança” de que isso possa se reverter.
Bhatti disse que a apelação que se apresentará ao máximo tribunal deve ser bem preparada “porque no passado, muitas vezes os acusados condenados em primeira e segunda instância, foram libertados pela Corte Suprema”.
“Se olharmos para a história do Paquistão, há esperança, porque até agora ninguém foi executado pelo Tribunal como resultado desta lei. Ainda sou otimista”, afirmou.
Nesse sentido, indicou que a equipe de advogados deverá preparar os argumentos e contribuir com novas provas, pois apesar do testemunho das duas irmãs muçulmanas que a acusam de blasfêmia, “há muitos outros pontos pelos quais poderia ser absolvida”. “Consultamos outros advogados, outras pessoas. Logo retornarei e espero administrar pessoalmente este assunto para encontrar uma solução definitiva”, assinalou.
O líder católico recordou que o caso de Asia Bibi é emblemático porque os cristãos e membros de outras minorias religiosas são perseguidos constantemente. No Paquistão a lei de blasfêmia é usada muitas vezes pelos muçulmanos por motivos pessoais.
Em junho de 2009, Asia Bibi trabalhava como operária em Sheikhupura, perto de Lahore, Paquistão. Em uma ocasião lhe pediram que fosse buscar água potável para as suas companheiras. Algumas das trabalhadoras –todas muçulmanas– se negaram a beber a água por considerá-la "impura" por que foi provida por uma cristã.
No dia seguinte, Asia foi atacada por uma turfa e levada a uma delegacia de polícia “para a sua segurança”, onde foi acusada de blasfêmia contra Maomé. Desde a sua prisão denunciou ser perseguida por causa de sua fé e negou ter proferido insulto algum contra o Islã.
Depois disso, pelo menos duas pessoas foram assassinadas por defender a inocência de Asia Bibi no Paquistão, primeiro o governador de Punjab, Salman Taseer, às mãos de seu próprio guarda de segurança e Shahbaz Bhatti, irmão de Paul Bhatti.