VATICANO, 22 de out de 2014 às 12:22
“Em Erbil (Iraque), a situação dos refugiados é dura”, alertou Karin Maria Fenbert, da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), ao recordar que os cristãos e outras minorias que conseguiram salvar-se do Estado Islâmico estão vivendo em barracas que não têm as condições necessárias para suportar o inverno rigoroso que está chegando.
Fenbert esteve recentemente na capital do Curdistão iraquiano, onde desde meados do ano se encontram mais de 100.000 pessoas provenientes de Mosul, Qaraqosh e outras cidades da planície de Nínive que agora estão sob o controle do Estado Islâmico (ISIS).
O inverno “não está longe e muitos refugiados ainda vivem em barracas que não têm serviços higiênicos” nem privacidade, expressou a representante da AIS. Além disso, indicou que o ano escolar começou e as pessoas que estão morando nas escolas precisam deixa-las o mais rápido possível para evitar tensões com os habitantes locais.
“A Igreja está praticamente toda voltada para o atendimento dos refugiados. O Governo iraquiano não tem feito nada por eles. As barracas dos refugiados estão nas propriedades das paróquias. A Igreja no Iraque necessita urgente apoio econômico do exterior e este tem que chegar rápido”, assinalou.
Nesse sentido, indicou que AIS, em colaboração com a Igreja local, terminará no final do mês a construção de módulos para alojar 4.000 pessoas, eles farão parte da aldeia Pe. Werenfried –em honra ao fundador da AIS-. Além disso, há um projeto de aluguel de alojamentos para os refugiados nas proximidades de Erbil e de construir quatro escolas nesta cidade e mais quatro em Dohuk.
Deste modo, será oferecido alojamento para os sacerdotes e religiosas que estão entre os refugiados. Haverá apoio para o seminário maior do Iraque –que tem 28 seminaristas- e para a Babel College, o único instituto no país que ensina teologia e filosofia. Além disso, se distribuirão pacotes de alimentos a 8.000 famílias e 15.000 caixas natalinas para as crianças.
Entretanto, o número de refugiados é maior e não se pode chamar de moradia onde atualmente estão alojados, pois tem de oito a dez pessoas vivendo em uma barraca, assim como cerca de 22 pessoas alojadas em uma sala de aula. Durante o dia, os colchões são empilhados, e outros ficam no chão. “Com essas condições não há privacidade. E as condições sanitárias são muito pobres”, assinalou ao relatar a “situação degradante” de muitos refugiados.
Fenbert indicou que os bispos transmitem o que centenas de pessoas dizem. “Os cristãos –assinalou-, sentem-se traídos. Traídos pelo governo central em Bagdá, traídos por seus antigos vizinhos muçulmanos, e traídos pela comunidade internacional”. “Sentem que são percebidos como simples efeito colateral em um jogo de poderes geopolíticos”.
O principal objetivo é sobreviver ao inverno, indicou Fenbert. Mais de um terço dos cristãos iraquianos vivem como refugiados no seu próprio país. Os pais precisam conseguir um trabalho e os jovens terminar seus estudos, assinalou.
Por sua parte, a porta-voz do Cáritas na Jordânia, Dana Shahin, informou à imprensa internacional que mais de 3.200 cristãos iraquianos se refugiaram na Jordânia desde o mês de agosto depois de serem obrigados a fugir de suas casas pelo Estado Islâmico. Do mesmo modo, indicou que nos próximos dias chegariam outras 800 pessoas.
“A maioria dos refugiados cristãos estão alojados nas Igrejas. Muitos deles se registraram no escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR)", acrescentou Shahin, e indicou que muitos dos refugiados estão procurando migrar para os Estados Unidos ou para a Europa.