“O Brasil levou muito tempo para começar a investigar a vida dos candidatos à santidade. Quem despertou nosso país para trabalhar na causa dos santos foi São João Paulo II. O Papa dizia que o Brasil precisava de santos, de santos de calça jeans”, afirmou o vigário episcopal para a Vida Consagrada e responsável pelos processos de candidatos à Causa dos Santos na Arquidiocese do Rio, Dom Roberto Lopes, OSB.

“Sobre esse tema, recentemente, realizamos um encontro muito produtivo no Centro de Estudos do Sumaré, no Rio, onde pudemos conversar com diversos postuladores. Têm surgido muitos candidatos à santidade no Brasil, atualmente, temos 65 processos tramitando em nosso país”, contou.

No Rio, existem quatro processos em curso, sendo que um já está mais adiantado, o de Madre Maria José de Jesus. A carmelita, filha do historiador Capistrano de Abreu, ainda jovem trocou uma vida de luxo e festas para se dedicar à pobreza, à clausura e à oração.

Confira os outros processos em andamento na Cidade do Rio:

Odetinha

No dia 17 de janeiro de 2015, a face arquidiocesana do processo canônico da Serva de Deus Odete Vidal de Oliveira (Odetinha) será oficialmente encerrada pelo arcebispo Cardeal Dom Orani João Tempesta.

“O processo será enviado para Roma, onde será feita a análise de toda a documentação. Um dos primeiros passos será verificar as virtudes heróicas e posteriormente os milagres realizados pela intercessão de Odetinha”, explicou Dom Roberto.

Odete Vidal foi oficialmente declarada “Serva de Deus” durante as festividades do padroeiro São Sebastião, em janeiro de 2013. A jovem, que é conhecida pelo seu amor à Eucaristia e caridade com os mais pobres, faleceu em 1939, aos nove anos de idade.

Ela estudou no Colégio Sion, no Cosme Velho, e fez sua primeira comunhão na Basílica Imaculada Conceição, em Botafogo. Suas relíquias podem ser visitadas nesta igreja. Na basílica também acontecem missas devocionais no primeiro sábado do mês e em todo dia 25, ambas às 16h.

Casal Zélia e Jerônimo

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No dia 20 de janeiro de 2014 foi aberto o processo canônico do casal Jerônimo e Zélia. “Como tem acontecido tradicionalmente, São Sebastião tem ‘puxado’ os Servos de Deus, os futuros santos cariocas”, destacou o vigário.

Zélia e Jerônimo geraram 13 filhos, quatro morreram e os outros nove se consagraram a Deus, sendo três sacerdotes e seis religiosas. Jerônimo Magalhães e Zélia Pedreira casaram-se em 27 de julho de 1876. Quando ficou viúva, Zélia entrou para a ordem religiosa das Irmãs Sacramentinas (Congregação do Santíssimo Sacramento).         

“O que mais chama a atenção nessa família é a maneira como eles se tratavam, sempre de forma muito respeitosa e divina. Reunimos as correspondências escritas pelo casal desde o tempo de namoro. Encontramos muitos escritos feitos por Zélia, as cartas que ela escreveu aos filhos são de uma riqueza muito grande”, observou Dom Roberto.

Na juventude, Zélia foi orientada pela Beata Nhá Chica a viver a sua vocação à santidade fora do convento, na vida familiar, como esposa e mãe.

“Nhá Chica disse que Deus tinha um projeto muito bonito para Zélia: gerar muitos filhos santos para Deus e para a Igreja. Da mesma forma, Jerônimo sempre teve um desejo muito grande de se consagrar a Deus e por isso entrou para a Ordem Terceira de São Francisco. Eles formaram uma família santa que deixou um grande legado para a Igreja”, contou Dom Roberto.

O local oficial para culto é a Paróquia Nossa Senhora da Conceição, na Gávea, onde estão as urnas com os restos mortais de Zélia e Jerônimo.

Guido

Sobre o processo do jovem surfista, médico e seminarista Guido Schäffer, a arquidiocese aguarda a concessão do Nihil Obstat (“nada impede”) para a abertura do processo de canonização. O pedido foi enviado este ano à Congregação para as Causas dos Santos, no Vaticano.

“Creio que será um processo belíssimo pela figura desse jovem apaixonado por Deus, que sempre desenvolveu um trabalho com os mais carentes, junto com as irmãs da beata Madre Teresa de Calcutá. Ele sempre dizia que era preciso curar não só o corpo, mas também a alma. Eu sempre chamo o Guido de São ‘Francisco Carioca’. Acredito que em muito breve iremos abrir esse processo”, garantiu Dom Roberto.

 

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