MADRI, 17 de abr de 2005 às 13:40
Em um artigo publicado recentemente, a licenciada María Teresa Cano Luján, uma espanhola discapacitada, faz uma crítica ao filme Mar Adentro em que lamenta “que alguém veja esse filme e saia admirando ao Ramón Sampedro”.
A Cano lhe preocupa “o efeito que um filme assim pode ter na cultura de respeito à dignidade das pessoas com discapacidade, pela que trabalhamos e lutamos todos aqueles que sim tivemos o valor de viver plenamente com nossa discapacidade e que contribuímos para que outros possam realizar-se e enriquecer à sociedade com sua existência e suas contribuições” e acrescenta que “em troca, a postura do Ramón Sampedro de que a vida com uma discapacidade não merece viver-se, lembra o Hitler. E isso é pavoroso”.
Sobre o personagem principal do filme, Ramón Sampedro, a licenciada comenta que “se recusou a viver, ficou em uma cama 28 anos, não porque não tivesse cadeira de rodas, mas sim porque lhe parecia denigrante usá-la. Escolheu ficar em cama ruminando sua amargura” e adiciona que “por medo enterrou o talento que o Senhor lhe deu (Cfr. Mt 25, 24-25) Deu-lhe medo viver e durante 28 anos sua única meta foi obter que algum juiz autorizasse que alguém o matasse, já que não podia suicidar-se”.
Logo explica que suicidar-se “é a saída fácil. Valor se necessita para viver a vida e para enfrentar a adversidade com a testa em alto”.
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Cano assinala os perigos do filme quando diz que “por agora nos deixou como herança um filme que semeia desalento e desesperança, que promove o mal. E isto em nome da liberdade”.
“Não, não sinto nem admiração nem respeito pelo Ramón Sampedro. Minha admiração e meu respeito são para o Raymundo Valdéz ("Mundo"), de Parreira”.
Fazendo um paralelo com o Ramón Sampedro, a licenciada narra o caso deste jovem que “se fraturou o pescoço aos 16 anos de idade. viveu com seu discapacidade os mesmos 28 anos que Ramón Sampedro. Igual a Ramón, Mundo só move os músculos de sua cara. Refere-se ao dia de seu acidente, como ‘o dia em que graças a Deus, voltei a nascer’”.
“Obrigado Mundo, porque sua existência enriquece a todos os que temos o privilégio de te conhecer. Você se tiver navegado mar afora. Ramón ficou na borda”, concluiu.