Vaticano, 27 de nov de 2014 às 15:17
No discurso aos participantes da assembleia plenária dos religiosos e consagrados na manhã de hoje, o Papa Francisco assegurou que “rezar não é perder tempo, adorar Deus não é perder tempo, louvar Deus não é perder tempo”.
Assim indicou o Santo Padre nas suas palavras aos participantes da plenária da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, a quem assinalou: “Digam aos novos membros, por favor, digam que rezar não é perder tempo, adorar Deus não é perder tempo, louvar Deus não é perder tempo. Se nós consagrados não paramos todos os dias diante de Deus na gratuidade da oração, o vinho será vinagre!”.
O Papa fez esta afirmação em relação ao tema da plenária “Vinho novo em odres novos”. Aos cerca de 80 participantes, o Santo Padre disse que “na parcela da vinha do Senhor representada pelos que escolheram imitar a Cristo mais de perto mediante a profissão dos conselhos evangélicos, amadureceu a uva nova e se espremeu o vinho novo”.
“Nestes dias se propôs discernir a qualidade e o sabor do ‘vinho novo’ colhido na longa temporada da renovação, e ao mesmo tempo avaliar se os odres que o contêm, representados pelas formas institucionais presentes hoje em dia na vida consagrada, são adequados para conter este ‘vinho novo’ e favorecer o seu pleno amadurecimento”.
“Como lhes recordei outras vezes não devemos ter medo de deixar os ‘odres velhos’: quer dizer, de renovar os hábitos e as estruturas que, na vida da Igreja e, portanto, também na vida consagrada já não respondem ao que Deus pede hoje para fazer avançar o seu Reino no mundo: As estruturas que nos dão falsa proteção e que condicionam o dinamismo da caridade; os hábitos que nos afastam do rebanho ao qual somos enviados e nos impedem de escutar o grito de quantos esperam a Boa Nova de Jesus Cristo”.
O Santo Padre exortou a não esconder “os pontos fracos que a vida consagrada pode ter nos nossos dias como a resistência de alguns setores à mudança, a menor força de atração, o importante número de abandonos, a fragilidade de alguns caminhos de formação, o afã pelas tarefas institucionais e ministeriais em detrimento da vida espiritual, a difícil integração da diversidade cultural e geracional, o problemático equilíbrio no exercício da autoridade e no uso de bens”.
“Preocupa-me também a pobreza... Santo Inácio dizia que a pobreza é a mãe e também o muro da vida consagrada. E é mãe também porque dá vida e como muro protege do mundanismo. Continuem querendo escutar os sinais do Espírito que abre novos horizontes e empurra a novos caminhos, sempre partindo da regra suprema do Evangelho e inspirados pela audácia criativa de seus fundadores e fundadoras”.
O Papa enumerou depois os critérios de orientação a seguir na “árdua tarefa de avaliar o vinho novo e comprovar a qualidade dos odres que devem contê-lo”, citando entre eles, a originalidade evangélica das opções, a fidelidade carismática, a primazia do serviço, a atenção aos menores e mais frágeis e o respeito pela dignidade de cada pessoa.
Antes de finalizar, animou os presentes a continuarem trabalhando com generosidade e engenho na vinha do Senhor, “para colher o vinho bom que revitaliza a vida da Igreja e alegra os corações de tantos irmãos e irmãs necessitados de sua atenção”.
Logo destacou que “nem a substituição dos odres velhos pelos novos é automática, requer o compromisso e a capacidade para proporcionar o espaço idôneo para acolher e fazer frutificar os dons com que o Espírito continua embelezando a Igreja, sua esposa”.
Para concluir o Papa disse: “não se esqueçam de continuar no caminho de renovação iniciado e, em grande medida, realizado nos últimos cinquenta anos, examinando toda novidade à luz da Palavra de Deus e escutando as necessidades da Igreja e do mundo contemporâneo e utilizando todos os meios que a Igreja põe a sua disposição para avançar no caminho da santidade pessoal e comunitária. E entre estes meios o mais importante é a oração”.