VATICANO, 18 de abr de 2005 às 12:45
Ao presidir esta manhã na Basílica de São Pedro a Missa "Pró Eligendo Pontifice", o Cardeal Decano do Colégio Cardenalício, Joseph Ratzinger, denunciou a “ditadura do relativismo” que não reconhece nada como definitivo e lembrou que para a Igreja, Cristo é a medida do verdadeiro humanismo. Uma fé “adulta” não é a que “segue as ondas da moda” mas sim a que está “profundamente alicerçada na amizade de Cristo”, disse.
“Ter uma fé clara, segundo o Credo da Igreja, vem constantemente etiquetado como fundamentalismo. Enquanto o relativismo, quer dizer o deixar-se levar ‘daqui para lá por qualquer tipo de doutrina’, aparece como a única aproximação à altura dos tempos hodiernos. Vai constituindo uma ditadura do relativismo que não reconhece nada como definitivo e que deixa como última medida só o próprio eu e suas vontades”, disse o Cardeal ante numerosos cardeais eleitores e não eleitores e milhares de fiéis que participaram da celebração.
Em troca, precisou o Cardeal Ratzinger, nós “temos outra medida: o Filho de Deus, o verdadeiro homem. É Ele a medida do verdadeiro humanismo. “Adulta” não é a fé que segue as ondas da moda e a última novidade; adulta e amadurecida é a fé profundamente radicada na amizade com Cristo”.
O Cardeal fez esta reflexão após constatar as ondas das correntes ideologicas e modos de pensar das últimas décadas pelas quais “a pequena barca do pensamento de muitos cristãos foi não poucas vezes agitada” e, inclusive, “jogada de um extremo ao outro”.
“Do marxismo ao liberalismo, até a libertinagem; do coletivismo ao individualismo radical; do ateísmo a um vago misticismo religioso; do agnosticismo ao sincretismo e assim em diante. Cada dia nascem novas seitas e se realiza quanto diz São Paulo sobre o engano dos homens, sobre a astúcia que tende a arrastar para o engano”, acrescentou.
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Ao propor a Cristo como medida do humano, o Cardeal alemão explicou que nele “coincidem verdade e caridade. Na medida em que nos aproximamos de Cristo, também em nossa vida, verdade e caridade se fundem. A caridade sem verdade seria cega; a verdade sem caridade seria como ‘um címbalo que retine’”.
Cristo e a Igreja
Ao comentar a leitura do Evangelho da Missa, o Cardeal recordou que Jesus Cristo “se confia a nós, dá-nos o poder de falar com seu eu: ‘este é o meu corpo...’, ‘eu te absolvo...’. Confia seu corpo, à Igreja, a nós. Confia a nossas fracas mentes, a nossas débeis mãos sua verdade”.
Depois de sublinhar que para Jesus a amizade, é a “comunhão das vontades”, o Cardeal Decano afirmou que “devemos ser animados por uma Santa inquietação: a inquietação de levar a todos o dom da fé, da amizade com Cristo”.
Por último, o Cardeal ressaltou que a Igreja reza “com insistência ao Senhor, para que depois do grande dom do Papa João Paulo II, nos doe um novo pastor segundo seu coração, um pastor que nos guie ao conhecimento de Cristo, a seu amor, à verdadeira alegria”.