ANKARA, 28 de nov de 2014 às 14:39
No seu discurso ao presidente do Departamento para os Assuntos Religiosos (conhecido como Diyanet), a mais alta autoridade islâmica na Turquia, Mehmet Gormez, o Papa Francisco assinalou que “a violência que busca uma justificação religiosa merece a mais forte condenação, porque o Onipotente é Deus da vida e da paz”.
O discurso aconteceu após o encontro privado entre ambos. Em suas palavras o Santo Padre alertou que “a violência que busca uma justificação religiosa merece a mais forte condenação, porque o Onipotente é Deus da vida e da paz”.
“Temos a obrigação –prosseguiu– de denunciar todas as violações da dignidade e dos direitos humanos. A vida humana, dom de Deus Criador, possui um caráter sagrado”.
A mensagem do Papa, que esteve cheia de menções à terrível situação que se vive no Oriente Médio, recordou que “as boas relações e o diálogo entre líderes religiosos revestem-se de grande importância”, sobretudo, “num tempo de crises como o nosso; crises que se tornam, em algumas áreas do mundo, verdadeiros dramas para populações inteiras”.
“Com efeito, há guerras que semeiam vítimas e destruições, tensões e conflitos interétnicos e inter-religiosos, fome e pobreza que afligem centenas de milhões de pessoas, danos ao meio ambiente, ao ar, à água, à terra”
O Santo Padre fez alusão à situação no Oriente Médio, que é “verdadeiramente trágica a situação no Médio Oriente, especialmente no Iraque e na Síria”. “Todos sofrem com as consequências dos conflitos, e a situação humanitária é angustiante. Penso em tantas crianças, nos sofrimentos de tantas mães, nos idosos, nos deslocados e refugiados, nas violências de todo o gênero”.
O Pontífice expressou que para ele é particularmente preocupante que “sobretudo por causa de um grupo extremista e fundamentalista, comunidades inteiras – especialmente de cristãos e yazidis, mas não só – sofreram, e ainda sofrem, violências desumanas por causa da sua identidade étnica e religiosa. Foram expulsos à força das suas casas, tiveram de abandonar tudo para salvar a sua vida e não renegar a fé”.
Além disso, acrescentou que “a violência abateu-se também sobre edifícios sagrados, monumentos, símbolos religiosos e o patrimônio cultural, como se quisessem apagar todo o vestígio, qualquer memória do outro”.
Diante desta situação alarmante, deve-se “continuar o trabalho comum para encontrar soluções adequadas”, de forma especial os responsáveis das diferentes comunidades religiosas. “Nós, muçulmanos e cristãos, somos depositários de tesouros espirituais inestimáveis, entre os quais reconhecemos elementos de convergência, embora vividos segundo as tradições próprias: a adoração de Deus misericordioso, a referência ao patriarca Abraão, a oração, a esmola, o jejum”.
O Papa disse logo que “o reconhecimento conjunto da sacralidade da pessoa humana sustenta a compaixão comum, a solidariedade e a ajuda efetiva aos mais atribulados”.
Por último, desejou que as relações entre a Diyanet e o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso “continuem e se consolidem”.
Mais informações sobre a viagem do Papa à Turquia em: http://www.acidigital.com/turquia2014/