ROMA, 2 de dez de 2014 às 11:31
A barbárie do Estado Islâmico (ISIS) é comparável ao nazismo, denunciou o Patriarca católico-caldeu, Dom Louis Sako, em um discurso aos líderes muçulmanos de todo o mundo para que atuem e condenem os extremistas islâmicos, que na Síria e no Iraque estão perseguindo e assassinando cristãos e outras minorias em nome do Islã.
“Apelo a vocês que representam a maioria moderada dos muçulmanos onde quer que estejam nessa tragédia atual”, expressou em seu discurso dado na reunião realizada em Viena (Áustria), do Centro Internacional do Rei Abdullah Bin Abdulaziz para o Diálogo Inter-religioso e Intercultural (KAICIID).
“Gostaria de expressar-lhes a minha dor e a dor dos seus irmãos e irmãs cristãos”, indicou, “apelando às suas consciências e boa vontade para que façam alguma coisa pela libertação dos seus povos, a recuperação de suas propriedades e a restituição de seus direitos. Em consequência, solicito uma drástica mudança porque é responsabilidade de vocês encontrarem uma resposta, que deve vir de vocês e não de uma força externa”.
“Compartilhando a mesma sensibilidade humana, acredito, foram igualmente surpreendidos como nós com os atos bárbaros que arrasaram os povoados de Mosul e da planície de Nínive contra os cristãos, yazidis e outras minorias”, indicou.
Nesse sentido, recordou que “há uma lei superior de amor e misericórdia gravada no coração do ser humano. Esta lei superior requer compaixão e caridade com cada pai indefeso, com cada bebê faminto nos braços e misericórdia para cada próximo com dor”.
“Portanto, os crimes cometidos pelo ISIS contra esses civis indefesos demonstram uma teoria ou lei absurda que não está baseada em absolutamente nenhuma lei humana, exceto em uma lei Bárbara”, expressou.
Dom Sako também denunciou a destruição das Igrejas, a queima de documentos antigos, assim como a venda de mulheres nos mercados de escravos “como se fossem lixo”. “Isso me recorda ao monstro mencionado pelo Apocalipse”.
“De fato, estes atos bárbaros, que sempre serão uma mancha na história da humanidade, são promovidos por organizações e ideologias paralelas ao nazismo e outras filosofias políticas totalitárias. A história humana, entretanto, nunca terá piedade com aqueles que planejaram e implementaram estes atos viciosos, que ameaçam a existência dos cristãos, nativos destas terras. A diferença dos nazistas e outras ideologias mortais do século XX, o ISIS reclama fazer tudo isso em nome do Islã”, expressou.
Nesse sentido, Dom Sako disse que é “chocante a insuficiência da comunidade islâmica que só denunciou estes atos com timidez e declarações inúteis, mostrando a ausência de um verdadeiro papel no aumento da tomada de consciência do público sobre o iminente perigo do ISIS em nome da religião”.
O Patriarca recordou a contribuição dos cristãos na cultura árabe e advertiu que o Estado Islâmico não é menos perigoso para os muçulmanos. “Os árabes devem apresentar uma posição unificada com um voto contra o extremismo. Esta coalizão árabe unida deve assegurar uma solução pacífica. “O extremismo está em todos os lados”, advertiu.
Nesse sentido, exortou os eruditos religiosos a rejeitarem os argumentos do ISIS com jurisprudência, “denunciar suas práticas atrozes” e assinalar que suas ideias são um “golpe” para a humanidade.
“As instituições educativas e religiosas deveriam começar ensinando toda cultura aberta e moderada que respeite a diversidade e ofereça uma imagem objetiva sobre as diferentes pessoas, caracterizada pelo respeito e a crença” de que todos têm o mesmo direito a viver em liberdade e com dignidade. “Temos grande confiança em que se mobilizarão antes que seja tarde demais para prevenir que este tsunami atinja uma nova área”, indicou.
Finalmente, o Patriarca católico-caldeu disse que esperam o dia em “que os muçulmanos anunciem oficialmente a eles mesmos e àqueles que são perseguidos que atacar as pessoas inocentes, muçulmanos ou cristãos, crentes ou não, vai contra a religião e contra Deus Todo-poderoso, que é o único que julgará a todos os seres humanos e os recompensará com justiça”.