ROMA, 2 de dez de 2014 às 12:33
O Presidente da Conferência Episcopal da Nigéria (CEN), e Arcebispo de Jos, Dom Ignacio Ayau Kaigama, condenou o ataque cometido pelo grupo Boko Haram contra uma mesquita em 28 de novembro –com 120 mortos e 270 feridos–, e assinalou que este grupo fundamentalista não ataca apenas cristãos e pessoas de outras religiões, mas também aqueles que considera “menos muçulmanos”.
Durante a oração islâmica da sexta-feira, dois terroristas suicidas detonaram explosivos na mesquita central em Kano, a maior cidade ao norte da Nigéria. Depois entraram cerca de doze homens armados e atiraram contra os muçulmanos que tentavam fugir. Os sobreviventes conseguiram capturar quatro terroristas.
“O terrível ataque aos muçulmanos em oração mostra que Boko Haram ampliou os seus objetivos e o seu alcance”, assinalou o Prelado, pois “não atacam somente os não muçulmanos ou os símbolos da 'cultura ocidental', como as escolas, mas também os muçulmanos considerados 'menos muçulmanos' em relação à concepção extremista do Islã defendida pelo Boko Haram”.
A agência vaticana Fides informou que segundo algumas interpretações, o atentado estava dirigido contra o Emir de Kano, Mohammed Sanusi II, a segunda autoridade muçulmana nigeriana mais importante depois do Sultão de Sokoto.
“O emir de Kano é um dos poucos líderes islâmicos que se atreveram a condenar abertamente a violência do Boko Haram”, explicou Dom Kaigama.
“A maioria dos líderes da comunidade islâmica na Nigéria até o momento não tomou uma posição firme contra o Boko Haram por medo às represálias sangrentas. É necessário realizar um esforço decidido por parte de todos os nigerianos para pôr fim à violência”, assinalou.
Novo ataque
O grupo fundamentalista –que anunciou um califado no norte da Nigéria–, atacou na madrugada desta segunda-feira a cidade de Damaturu, capital do estado de Yobe.
Segundo testemunhas, um grande número de terroristas atacou uma delegacia de polícia antes de dirigir-se para os bairros residenciais.
Fides informou que a situação em Damaturu é caótica, com explosões e tiroteios enquanto os aviões do governo sobrevoam a cidade.
Segundo a imprensa nigeriana, dentre as localidades atacadas estão Shani e Lassa (Borno), onde queimaram várias casas e algumas Igrejas.