Vaticano, 2 de dez de 2014 às 14:31
O Papa Francisco e diversos líderes religiosos de todo o mundo assinaram hoje uma declaração histórica no Vaticano na qual condenam todo tipo de escravidão moderna e se comprometem a trabalhar juntos pelo fim do tráfico de pessoas.
A declaração, assinada por líderes religiosos anglicanos, ortodoxos, budistas, judeus, muçulmanos e hindus, assinala que “nós, os assinantes, nos reunimos com motivo de uma iniciativa histórica para inspirar a ação espiritual e concreta das pessoas de todos os credos mundiais e pessoas de boa vontade em todo o planeta para erradicar o terrível flagelo da escravidão moderna em todo o mundo até 2020 e para sempre”.
A iniciativa nasceu do Global Freedom Network, uma organização fundada por católicos, anglicanos e muçulmanos que busca erradicar a escravidão em todo mundo.
“Aos olhos de Deus, cada ser humano é uma pessoa livre, seja homem, mulher, menino, menina, e está destinado a existir para o bem dos outros em igualdade e fraternidade”, afirma o texto.
“A escravidão moderna, em termo de tráfico de pessoas, trabalho forçado, prostituição, tráfico de órgãos e qualquer outra coisa relacionada, fracassa em quanto ao respeito da condição fundamental de que todas as pessoas são iguais e que têm a mesma liberdade e dignidade, é um crime contra a humanidade”.
Em novembro deste ano, a organização Walk Free, divulgou um estudo no qual assinala que 35.8 milhões de pessoas sofrem a escravidão moderna. O relatório define a escravidão como a privação sistemática da liberdade da pessoa, assim como o abuso de seu corpo para a exploração comercial.
O tráfico de pessoas, indica a Organização Mundial do Trabalho, gera 150 trilhões de dólares todos os anos no mundo inteiro.
No seu discurso de hoje na assinatura da declaração, o Papa Francisco assegurou em espanhol que “cada ser humano, homem, mulher, menino, menina, é imagem de Deus, Deus é amor e liberdade que se doa em relações interpessoais, assim cada ser humano é uma pessoa livre destinada a existir para o bem de outros em igualdade e fraternidade”.
“Qualquer relação discriminante que não respeite a convicção fundamental que o outro é como a si mesmo constitui um delito, e tantas vezes um delito aberrante”, disse logo.
“Por isso, declaramos em nome de todos e de cada um de nossos credos que a escravidão moderna, em termo de tráfico de pessoas, trabalho forçado, prostituição, tráfico de órgãos é um crime contra a humanidade. Suas vítimas são de toda condição, mas na maioria das vezes acontece entre os mais pobres e vulneráveis de nossos irmãos e irmãs”.
O Santo Padre terminou o seu discurso agradecendo aos presentes por “este compromisso transversal que nos compromete a todos, todos somos reflexo da imagem de Deus e estamos convencidos de que não podemos tolerar que a imagem de Deus vivo seja submetida ao tráfico mais aberrante”.