Vaticano, 17 de dez de 2014 às 15:17
Na qualidade de Penitenciário Mor da Igreja Católica, o Cardeal italiano Mauro Piacenza escreveu uma carta aos sacerdotes confessores de todo o mundo pelo Natal e que ACI Digital traz ao público na íntegra neste 17 de dezembro, dia em que o Papa Francisco faz 78 anos de vida.
Em seu ministério petrino, o Santo Padre sempre alentou, começando com seu exemplo, a que todos os católicos se aproximem frequentemente ao sacramento da Reconciliação.
No texto, o Cardeal Piacenza assinala que os sacerdotes confessores têm uma graça especial: “como Santíssima deu à luz (Jesus) na gruta de Belém, nós o damos à luz no coração dos penitentes reconciliados e sobre o altar para seu sustento e sua companhia”.
“A graça deste olhar sobrenatural que abraça a existência inteira estará ainda e sempre acompanhada do ‘estupor’ pelo enfoque de total liberdade no confessionário. Sobre tudo quando a liberdade de uma pessoa se ‘move’, encontramo-nos sempre frente a um milagre ao qual Deus mesmo assiste”.
A seguir a íntegra da carta do Cardeal Piacenza aos confessores do mundo:
Queridíssimos irmãos confessores:
Iluminados pela luz da Imaculada Virgem Maria, mística Aurora da redenção, esperamos ansiosos reviver o nascimento do Filho de Deus, já repletos de agradecimento por tantos dons com os que o Senhor quererá adornar o ânimo dos sacerdotes e pelas graças de conversão e de perdão que nos concederá contemplar através do preciosíssimo ministério da reconciliação.
O tempo de Advento sobre tudo e, em particular, os dias da terníssima novena de Natal, estão caracterizados por uma espera particularmente intensa, não só da parte dos homens em relação a Deus –espera que está inscrita no profundo do coração humano– mas também caracterizados por uma particular “espera” de parte de Deus em relação aos homens que Ele ama.
O Senhor sai em busca do homem e se “abaixa” até mendigar sua acolhida. Aquele que mais que qualquer outro espera este encontro de graça é Ele, o eterno Filho de Deus feito homem no seio virginal de Maria, que incessantemente chama os homens à conversão e que, nestes dias “vigilantes” atrai os corações com uma ternura particular do santo presépio “Venham a mim todos vós que estão cansados e curvados e eu os aliviarei” (MT. 11, 28).
A nós, portanto, que recebemos o dom inefável da ordenação sacerdotal e que participamos assim intimamente com a obra da salvação, foi concedido inclusive compartilhar de modo próximo tal espera do Redentor e a alegria imensa do encontro com Ele. Como Maria Santíssima o deu à luz na gruta de Belém, nós o damos à luz no coração dos penitentes reconciliados e sobre o altar para seu sustento e sua companhia.
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A graça deste olhar sobrenatural que abraça a existência inteira e estará sempre acompanhada inclusive do “estupor” pelo enfoque de toda liberdade no confessionário. Sobre tudo quando a liberdade de uma pessoa se “move”, encontramo-nos sempre diante de um milagre ao qual Deus mesmo assiste.
A liberdade que fica em jogo é sempre um mistério precedido, acompanhado e sustentado pela graça de Deus, e ao mesmo tempo é um dom para o próprio sacerdote confessor, que da contemplação deste mistério recebe sempre uma luz e uma especial confirmação no apostolado.
Este olhar sobrenatural que permite ver os verdadeiros protagonistas do humano percurso –Deus que vai em busca do homem e o homem que se deixa encontrar por seu Criador e Redentor– constitui também a fonte de toda autêntica caridade pastoral, assim esperada pelos fiéis, recomendada sempre pela Igreja, assim ardentemente acalentada pelo Santo Padre, transbordante da ferida do Coração de Jesus.
Este Coração brilha perenemente ferido diante a todo sacerdote e arde em desejos de comunicar a cada pastor a graça de um olhar renovado e do ardor daquela caridade, que vem derramada em nossos pobres corações através da oração, que nos renova na misericórdia e, finalmente, inunda-nos” na Eucaristia.
Queridos irmãos, verdadeiramente apreciados, oremos mutuamente, sobre tudo nestes dias de preparação ao Santo Natal, a fim de que, tanto para os penitentes, como para os confessores, em cada celebração do sacramento da Reconciliação, o sorriso do Menino Jesus se irradie transformante em suas almas. E obrigado por tudo aquilo que fazem como generosos canais da água da divina misericórdia!
A Virgem Imaculada, reflexo perfeito da Caridade de Cristo e sinal de segura esperança em sua vitória sobre o pecado e sobre a morte, obtenha as graças mais necessárias a cada um de nós e marque um verdadeiro e duradouro “renascimento” espiritual para todos os membros do Corpo eclesiástico.
Santo Natal!
Cardeal Mauro Piacenza
Penitenciário Mor
14 de Dezembro, Domingo “Gaudete” do Advento de 2014