O Observador Permanente da Santa Sé perante a ONU em Genebra (Suíça), Dom Silvano Tomasi, fez um balanço do panorama mundial e das expectativas para 2015, e indicou que embora o cristão sempre deva ser otimista, adverte-se uma “certa falta de vontade política” para solucionar os conflitos, sobretudo, no Oriente Médio.

Em declarações à Rádio Vaticano, o Prelado indicou que “as emergências que mais chamaram a atenção são as do Oriente Médio, a questão do desenvolvimento, a liberdade religiosa, as relações entre os países, especialmente a questão dos fluxos migratórios, e as relações de uma economia que coloque a pessoa humana no centro”.

"Aconteceram sessões dedicadas especialmente ao Oriente Médio pelo Conselho de direitos humanos sobre o Iraque e a Síria, mas esta preocupação se estendeu também à África, com uma sessão particular sobre a República Centro-africana”.

“A preocupação que está na raiz destes esforços, destas tentativas para encontrar um caminho que conduza à paz, é a de não perder vidas humanas e a de não consumir todos os recursos que estão disponíveis em conflitos inúteis e daninhos, em lugar de utilizar estas forças positivas para o desenvolvimento da vida dos povos", adicionou.

No caso do Oriente Médio se evidenciou “a necessidade não só de obter um armistício, para facilitar a ajuda humanitária, mas também para garantir a liberdade às pessoas a fim de que exerçam seus direitos humanos de maneira digna”.

“Este esforço se traduziu em ações operativas, por exemplo aqui, para tratar de sensibilizar a opinião pública mediante a presença dos Patriarcas católicos do Oriente Médio, e de alguns bispos das comunidades ortodoxas, para contar com um testemunho direto da situação no terreno, e para ver quais são os pontos fundamentais que deveriam ser enfrentados para encontrar soluções equânimes e construtivas”, assinalou.

Assim, sobre as expectativas para 2015, recordou que “como cristãos, sempre devemos ser otimistas, sabendo que a Providência guia a história. Mas nos encontramos perante uma falta de vontade política que é preciso resolver, sobretudo, as situações de violência, que se vê de modo evidente em várias partes do mundo, e especialmente na região do Oriente Médio”.

Dom Tomasi pediu ir além da mentalidade segundo a qual “se há dificuldades e problemas, o único caminho é o do conflito violento para resolver. Há outros meios: é necessário construir a confiança, para que se possa falar e individuar compromissos razoáveis que permitam a todas as pessoas, independentemente de seu credo religioso e de sua opinião política, conviver sem fazer-se mal e criando uma convergência de esforços em favor do bem comum”.

“Parece-me que este é o nosso objetivo para o ano novo, e que pode ser enfrentado se colocarmos o comércio de armas e os interesses dos diversos poderes em segundo plano, e em primeiro plano colocarmos os interesses das pessoas e suas justas aspirações”, indicou.

O Prelado destacou o papel da Santa Sé, “que é um pouco a voz da consciência no contexto internacional. Não somos um poder econômico nem um poder militar: as alabardas dos Guardas Suíços não podem fazer muito contra as armas modernas, nem querem fazê-lo”.

“Portanto, o específico da missão da diplomacia pontifícia é ser, precisamente, a voz da consciência que recorda que os valores mais importantes para o futuro comum da família humana são a paz, o respeito recíproco e a solidariedade com os mais necessitados”, concluiu.
 

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