“Que o Senhor nos conceda fazer o mesmo caminho de conversão vivido pelos Magos”, pediu o Papa Francisco em sua homilia na Solenidade da Epifania que celebrou junto aos milhares de fiéis na Basílica de São Pedro às 10 da manhã em Roma. No Brasil, a solenidade da Epifania foi celebrada no domingo passado, dia 04 de janeiro.

O Santo Padre explicou que “o presépio propõe-nos um caminho diferente do sonhado pela mentalidade mundana: é o caminho do abaixamento de Deus, a sua glória escondida na manjedoura de Belém, na cruz do Calvário, no irmão e na irmã que sofre”.

Os Magos “são modelo de conversão à verdadeira fé, porque acreditaram mais na bondade de Deus do que no brilho aparente do poder”, disse.

O Pontífice se referiu aos três Reis Magos do Oriente que foram levar ao Menino Jesus ouro, incenso e mirra e que se encontraram com algumas dificuldades pelo caminho.

“Os Magos entraram no mistério. Passaram dos cálculos humanos ao mistério: esta foi a sua conversão”, recordou Francisco.

Do mesmo modo, assinalou que o Menino “nascido da Virgem Maria” em Belém “não veio só para o povo de Israel, representado pelos pastores de Belém, mas para toda a humanidade, representada neste dia pelos Magos, vindos do Oriente”.

Por isso, a Igreja neste dia “nos convida a meditar e a rezar sobre os Magos e seu caminho à procura do Messias”, explicou o Papa Francisco.

“Estes Magos, vindos do Oriente, são os primeiros daquela grande procissão de que nos falou o profeta Isaías na primeira Leitura: uma procissão que nunca se interrompeu desde então e que, através de todas as épocas, reconhece a mensagem da estrela e encontra o Menino que nos mostra a ternura de Deus”.

Mas a estrela tem um sentido também importante porque “há sempre novas pessoas que são iluminadas pela luz da sua estrela, que encontram o caminho e chegam até Ele”.

O Pontífice recordou que segundo a tradição, “os Magos eram homens sábios: estudiosos dos astros, perscrutadores do céu, num contexto cultural com crenças que atribuíam às estrelas explicações e influxos sobre as vicissitudes humanas”.

E se vemos a sua figura atualmente, “os Magos representam os homens e as mulheres à procura de Deus nas religiões e nas filosofias do mundo inteiro: uma busca que jamais terá fim”, assegurou Francisco.

Além disso, “indicam-nos o caminho por onde seguir na nossa vida” já que “Eles procuravam a verdadeira Luz”. Neste percurso que realizaram “foram em busca de Deus” e “tendo visto o sinal da estrela, interpretaram-no e puseram-se a caminho, fazendo uma longa viagem”.

O Papa explicou que “foi o Espírito Santo que os chamou e impeliu a pôr-se a caminho; e, neste caminho, terá lugar também o seu encontro pessoal com o verdadeiro Deus. No seu caminho, os Magos encontram muitas dificuldades”.

“Quando chegam a Jerusalém, vão ao palácio do rei, porque consideram óbvio que o novo rei nasceria no palácio real. Lá perdem de vista a estrela – quantas vezes se perde a vista da estrela – e embatem numa tentação, posta lá pelo diabo: é o engano de Herodes. O rei Herodes mostra interesse pelo Menino, não para O adorar, mas para O eliminar. Herodes é homem do poder, que consegue ver no outro apenas o rival”.

O Papa explicou aos fiéis que no fundo Herodes via a Deus como o seu rival mais perigoso. E lá, no palácio onde “os Magos atravessam um momento de escuridão, de desolação, que conseguem superar graças às sugestões do Espírito Santo, que fala através das profecias da Sagrada Escritura” que indicavam que o Messias nasceria em Belém.

Francisco contou como experimentaram então uma imensa alegria, uma verdadeira consolação.

Em Belém, os três reis terão que enfrentam a segunda tentação: “Rejeitar esta pequenez. Mas não o fizeram; em vez disso, ‘prostrando-se, adoraram-No’, oferecendo-Lhe seus preciosos e simbólicos dons”.

O Papa aproveitou para destacar que é “a graça do Espírito Santo que os ajuda”, e agora, “guiados pelo Espírito, chegam a reconhecer que os critérios de Deus são muito diferentes dos critérios dos homens, já que Deus não Se manifesta no poder deste mundo, mas vem até nós na humildade do seu amor”.

O Santo Padre lançou a seguir uma pergunta aos fiéis: “Qual é o mistério onde Deus Se esconde?”.

“Ao nosso redor, vemos guerras, exploração de crianças, torturas, tráficos de armas, comércio de pessoas… Em todas estas realidades, em todos estes irmãos e irmãs mais pequeninos que sofrem por tais situações”, respondeu.

“Que nos defenda e livre das tentações que escondem a estrela. Que sintamos sempre a inquietação de nos interrogarmos ‘onde está a estrela’, quando a perdermos de vista no meio dos enganos do mundo. Que aprendamos a conhecer de forma sempre nova o mistério de Deus, que não nos escandalizemos do ‘sinal’, da indicação ‘um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura’, e que tenhamos a humildade de pedir à Mãe, à nossa Mãe, que no-Lo mostre”.
 

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