Vaticano, 12 de jan de 2015 às 23:23
O Papa Francisco já partiu de Roma (Itália) rumo ao Sri Lanka, primeiro ponto de chegada em sua nova viagem a Ásia, onde presidirá a cerimônia de canonização do Pe. José Vaz, sacerdote nascido na Índia e que dedicou parte de sua vida a evangelizar Sri Lanka.
“O Pe. José Vaz foi um grande sacerdote missionário, pertencente à linha interminável de anunciadores ardentes do Evangelho, missionários que, em todas as épocas, deixaram sua própria terra para levar a luz da fé aos povos que não são deles”, disse São João Paulo II quando o beatificou, em sua visita ao Sri Lanka em 1995.
José Vaz nasceu em 21 de abril de 1651 na Goa, na costa oeste da Índia. Quando menino visitava com frequência o Santíssimo Sacramento. A tradição local diz que as portas da igreja se abriam para que entrasse e passasse horas diante de Jesus sacramentado. Em sua cidade natal já o chamavam de santo e era conhecido por rezar o Santo Rosário enquanto caminhava para a escola ou à Igreja.
Nas escolas onde esteve aprendeu português e latim, sendo um estudante brilhante. Seu pai o enviou a Goa para que estudasse na Universidade dos Jesuítas e posteriormente à Academia de Santo Tomás de Aquino, onde estudou filosofia e teologia.
O beato foi ordenado diácono em 1675 e sacerdote em 1676. Em Sancoale onde iniciou seu ministério abriu uma escola de latim para os futuros seminaristas e para a educação de outros jovens. Sendo devoto de Nossa Senhora, consagrou-se como “Escravo de Maria”, tal como se constata em sua “Carta de Escravidão”.
José Vaz estava muito preocupado pela situação difícil da Igreja no Sri Lanka, onde os governantes holandeses tinham proibido que os sacerdotes trabalhassem na ilha. O beato se ofereceu para ir ao Sri Lanka, mas foi enviado a Kanara, atual Karnataka e Mangalore, Índia.
Ao retornar a Goa adotou a regra do Oratório fundado por São Felipe Neri junto a outros sacerdotes hindus e decidiram levar uma vida em comum. Eles se ficaram conhecidos como os sacerdotes do Oratório.
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Seu desejo de ir ao Sri Lanka permanecia e em 1686 partiu da Goa até a Jaffna, na costa norte do Sri Lanka. Teve que disfarçar-se como pedreiro para que não fosse preso. Mais adiante faz contato com os católicos às escondidas.
Converteu-se em um mestre do disfarce fazendo-se de padeiro, servo ou porteiro para atender os católicos sem levantar suspeitas do governo do Sri Lanka. Como sacerdote, costumava trabalhar durante as noites, aproveitando a luz da Lua. A seu sobrinho escreveu: “Ser como a Lua, frente a Jesus, o Sol”. Por este motivo sua iconografia o representa com o Sol e a Lua.
O Papa Clemente XI abençoou os missionários do Oratório que junto com o Pe. Vaz conseguiram a conversão de mais de 100 mil pessoas à fé católica para a época que faleceu.
Quando sentiu que já era hora de partir para a Casa do Pai, preparou-se com uma oração intensa. Antes de morrer disse aos irmãos reunidos ao seu redor: “Dificilmente é possível fazer no momento da morte o que não foi feito em vida”.
O crucifixo que o Papa lhe deu, foi enviado pelo Pe. Vaz a Goa e se conserva na “Sala do Oratório do Beato José Vaz” em Sancoale, Goa, Índia. É a única relíquia do beato e é visitada por milhares de devotos de todo o mundo.
Ele morreu pacificamente no dia 16 de janeiro de 1711 em sua querida cidade de Kandy, centro de sua missão. Honrado pelo rei, o corpo foi exposto ao público por três dias. O beato José Vaz é conhecido como o “apóstolo do Sri Lanka” pelo seu serviço que fez à Igreja em uma época de perseguição durante o reinado dos holandeses no século XVII.