Papa Francisco aos sobreviventes do tufão: Se você perdeu tudo, olhe para Jesus na cruz

MANILA, 17 de jan de 2015 às 11:53

O Papa Francisco chegou esta manhã a Tacloban, a cidade filipina mais afetada pelo tufão Yolanda (Hayan) há pouco mais de um ano. Perante a multidão de sobreviventes deixou de lado a homilia que tinha preparada e ofereceu uma mensagem pessoal de consolo e afeto.

Em meio a fortes ventos e as chuvas há poucas horas da chegada da tormenta tropical Amang -que não chegou à categoria de ciclone-, o Papa decidiu improvisar em espanhol e deixou de lado a homilia que tinha preparada e improvisou comovedoras palavras em espanhol na missa celebrada sob capa-chuva e diante de centenas de milhares de fiéis que também desafiaram o mal tempo para estar com Francisco.

“Se me permitirem, prefiro hoje em dia falar em espanhol. Tenho um tradutor, um bom tradutor, posso fazê-lo? Muito obrigado”, afirmou.

“Se hoje todos nos reunimos aqui 14 meses depois que passou ou tufão Yolanda É porque temos a segurança de que não vamos decepcionar-nos na fé porque Jesus passou primeiro. Em sua paixão, Ele assumiu todas as nossas dores”, afirmou.

“Permitam-me esta confidência. Quando eu vi de Roma esta catástrofe, senti que tinha que estar aqui e neste dia, naqueles dias, decidi fazer a viagem até aqui. Quis vir para estar com vocês”.

“Estou aqui para dizer-lhes que Jesus é o Senhor, que Jesus não nos decepciona. ‘Mas Padre’ –poderia me dizer um de vocês- ‘Ele me defraudou, perdi minha família, perdi tudo o que tinha, estou doente’. É verdade isso que me dizem e eu respeito seus sentimentos, mas eu o vejo ali crucificado e de lá Ele não nos defrauda”, adicionou.

“Tantos de vocês perderam tudo. Eu não sei o que lhes dizer, Ele sim sabe ou que lhes dizer. Tantos de vocês perderam parte da família. Somente guardo silêncio e vos acompanho com meu coração em silêncio”.

O Papa pediu aos filipinos olhar  a Cristo. “Ele é o Senhor e Ele nos compreende porque passou por todas as provas que nos sobrevêm e junto a Ele na cruz estava a Mãe”.

“Nós somos como essa criança que está ali embaixo (dos braços de Maria), que nos momentos de dor, de pena, nos momentos que não entendemos nada, nos momentos que queremos nos rebelar, somente nos nasce o sentimento de agarrar-nos de sua saia e dizer “Mamãe”, como uma criancinha que quando tem medo chama: “Mamãe”. Esta é possivelmente a única palavra que pode expressar o que sentimos em momentos escuros: “Mãe, Mamãe””.

“Não estamos sozinhos. Temos uma Mãe, temos Jesus, nosso irmão mais velho. Não estamos sozinhos. E também temos muitos irmãos. Neste momento de catástrofe vieram nos ajudar e também nos sentimos mais irmãos, quando nos ajudamos uns aos outros”.

“Isto é o único que quisera dizer. Perdoem-me se não tenho outras palavras. Mas tenham a segurança de que Jesus não decepciona”.