AVIÃO PAPAL, 20 de jan de 2015 às 16:53
O Papa Francisco advertiu esta segunda-feira durante o voo de retorno a Roma, que a corrupção é um problema mundial e que deve ser rechaçado; e indicou que quando esta ocorre nas instituições eclesiásticas, converte-se em uma ferida dentro da Igreja, pois um católico pode ser um pecador deixar-se converter em um corrupto é inaceitável. A seguir a pergunta feita ao Santo Padre e a sua resposta:
“O que pode fazer Sua Santidade para lutar contra a corrupção não só no governo, mas também na Igreja?”
“A corrupção no mundo hoje está à solta e a atitude corrupta encontra facilmente um ninho nas instituições, porque uma instituição que tem muitos ramos aqui e lá, tantos chefes e vice-chefes, digamos, é muito fácil cair ou prover um ninho para a corrupção e cada instituição pode cair nisto.
A corrupção diminui as pessoas. Essa pessoa corrupta que faz acordos corruptos ou governa corruptamente ou se associa com outros para negócios corruptos, rouba as pessoas. As vítimas são aqueles, aqueles que você disse que estavam atrás do hotel luxuoso, não? Eles são as vítimas da corrupção.
A corrupção não se fecha em si mesma, ela cresce como um arbusto. Entendem? Hoje em dia a corrupção é um problema mundial. Uma vez, aproximadamente em 2001, perguntei ao chefe de gabinete do presidente de então, cujo governo pensávamos não ser tão corrupto, e na verdade não era tão corrupto, o governo, e lhe disse: ‘diga-me, a ajuda que você envia ao interior do país, seja em efetivo ou comida ou roupa... Enfim todas estas coisas. Quanto dela chega ao destino?’ Imediatamente este homem, que era um verdadeiro homem, um cidadão limpo (me disse): `35 por cento’. Isso foi o que me disse. Em 2001, no meu país.
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E agora, a corrupção nas instituições eclesiásticas. Quando falo da Igreja eu gosto de falar dos fiéis, dos batizados, da Igreja inteira, não? Nesse caso é melhor falar de pecadores.
Todos somos pecadores, não é verdade? Mas quando falamos de corrupção, falamos de pessoas corruptas ou de instituições na Igreja que caem na corrupção. E há casos, sim, existem. Lembro uma vez, em 1994, logo após ser nomeado Bispo do vicariato de Flores, em Buenos Aires, dois empregados ou funcionários de um ministério a me dizer ‘você tem muitas necessidades aqui com tantos pobres nas vilas misérias’. ‘Oh sim’, eu lhes disse. ‘Pois nós podemos ajudá-lo. Temos, se o sr. quiser, uma ajuda de 400.000 pesos’. Nesse tempo, o de câmbio do dólar era de um a um. Ou seja, falamos de 400.000 dólares. ‘Você pode ajudar com este valor?’. ‘Sim, sim’. Eu os escutei porque, quando a esmola é tão grande, também o santo duvida. Mas eles continuaram: ‘Para fazê-lo, nós fazemos o depósito e depois você nos dá a metade’. Nesse momento pensei no que deveria fazer: insultá-los e dar-lhes um chute onde o sol não bate na pele ou me faço de bobo.
Eu me fiz de bobo e disse: Bom, nós no vicariato não temos uma conta, você tem que fazer o depósito no local do escritório da arquidiocese com o recibo. E isso foi tudo. ‘Oh, não sabíamos’, disseram. E foram embora. Mas, mais tarde pensei, se estes dois vieram diretamente sem pedir uma pista –é um mau pensamento- mas, é porque alguém já disse sim. Mas é um mau pensamento, não?
A corrupção é fácil de ser feita. Vamos recordar o seguinte: Pecadores sim, corruptos não, corruptos nunca. Devemos pedir perdão por aqueles católicos, aqueles cristãos que escandalizam com sua corrupção. É uma ferida na Igreja. Mas há muitos santos, tantos santos. E santos pecadores, mas não corruptos. Vamos olhar para o outro lado também, a Igreja é Santa. Há santos aqui e acolá. Obrigado por terem a coragem de perguntar sobre este tema.