ROMA, 29 de jan de 2015 às 10:19
O casal paraguaio Víctor e Stella Domínguez, viajou para Roma de 22 a 24 de janeiro para participar do Congresso internacional de movimentos, grupos e associações de família e vida, cujo tema foi “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”, onde compartilharam sua experiência na pastoral para divorciados em nova união.
O congresso serve como preparação para a XIV Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos em outubro de 2015, e foi organizado pelo Pontifício Conselho para a Família, que acolheu 80 movimentos e mais 300 peritos para falar sobre a pastoral familiar.
Víctor e Stella, casados há anos, servem na Obra Familiar do Schoenstatt do Paraguai e dirigem dentro da Conferência Episcopal do Paraguai “a Pastoral da Esperança”, que pretende ser uma resposta de acolhida da Igreja para as pessoas divorciadas em segunda união.
Em declarações ao grupo ACI em 22 de janeiro, Stella Domínguez explicou que os divorciados em nova união desejam a comunhão com Deus, e a primeira pergunta que fazem quando chegam à pastoral é se vão poder comungar.
O casal afirma que muitos deles desconhecem que existem dois tipos de Comunhão: a Comunhão espiritual e a Comunhão eucarística.
“Nós lhes explicamos com a caridade, na bondade e na verdade… que eles têm que fazer a comunhão espiritual, e a vivem muito intensamente. Ficamos impressionados com como eles desejam tanto recebê-la. Eles fazem sua esta frase que dizemos durante a Missa: ‘Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo’”, assinalou.
O Projeto Esperança nasceu graças a um encontro do CELAM na Cochabamba (Bolívia), onde em 2005 se tratou a situação das famílias em situações irregulares. Esta pastoral não tem muitos anos e, conforme explicam, é uma nova ferramenta pastoral que está em contínuo desenvolvimento.
“Estamos aprendendo com eles. Isso é um processo, porque não temos a solução para tudo, todas as respostas que eles querem; mas se sentem acolhidos, eles fazem a aliança de amor com a Mãe, para que ela seja educadora de suas famílias. Nós aprendemos deles, porque a entrega que têm à Igreja, o desejo de servir os seus irmãos que vivem na mesma situação, ensina-nos a caridade e a bondade”, afirmou.
Por último, a perita assinalou que seu objetivo é ajudar os divorciados em nova união a crescerem na fé e que encontrem na Igreja uma mãe e mestra, um lugar de acolhida e de amor onde se sintam filhos de Deus. “Eles necessitam dessa cura para ter uma vida de amor, de entrega, como todos os filhos de Deus”, concluiu.
Os divorciados recasados e o sacramento da Comunhão
A Congregação da Doutrina para a Fé expressou em sua carta a todos os bispos do mundo de outubro de 1994, que uma pessoa divorciada em nova união não pode participar da Comunhão eucarística, porque o matrimônio "é a imagem da relação entre Cristo e sua Igreja".
Nesse aspecto, a Igreja explica que estas pessoas, sem um decreto de nulidade para o primeiro matrimônio, encontram-se em uma relação de adultério que não lhes permite arrepender-se honestamente, para receber a absolvição de seus pecados e, por conseguinte, a Santa Comunhão.
Dentro deste contexto, para aproximar-se dos Sacramentos da Penitência e da Eucaristia, devem resolver a irregularidade matrimonial pelo Tribunal dos Processos Matrimoniais.
Em relação a isso São João Paulo II assinala que “a Igreja deseja que estes casais participem da vida da Igreja até onde lhes seja possível (e esta participação na Missa, adoração Eucarística, devoções e outros serão de grande ajuda espiritual para eles) enquanto trabalham para conseguir a completa participação sacramental”.