Na Missa com os novos Cardeais neste domingo, 15, o Papa Francisco refletiu sobre a acolhida aos necessitados e marginalizados buscando a cura para seus pecados. “O caminho da Igreja é o de não condenar ninguém para sempre”, disse.
 
O Santo Padre assinalou que “O caminho da Igreja, desde o Concílio de Jerusalém em diante, é sempre o de Jesus: o caminho da misericórdia e da integração. Isto não significa subestimar os perigos nem fazer entrar os lobos no rebanho, mas acolher o filho pródigo arrependido; curar com determinação e coragem as feridas do pecado; arregaçar as mangas em vez de ficar a olhar passivamente o sofrimento do mundo. O caminho da Igreja é não condenar eternamente ninguém; derramar a misericórdia de Deus sobre todas as pessoas que a pedem com coração sincero; o caminho da Igreja é precisamente sair do próprio recinto para ir à procura dos afastados nas «periferias» da existência”.
 
“Curando o leproso, Jesus não provoca qualquer dano a quem é são, antes livra-o do medo; não lhe cria um perigo, mas dá-lhe um irmão; não despreza a Lei, mas preza o homem, para o qual Deus inspirou a Lei. De facto, Jesus liberta os sãos da tentação do «irmão mais velho» (cf. Lc 15, 11-32) e do peso da inveja e da murmuração dos «trabalhadores que suportaram o cansaço do dia e o seu calor» (cf. Mt 20, 1-16)”, disse o Papa.
 
“Consequentemente, a caridade não pode ser neutra, indiferente, morna ou esquiva. A caridade contagia, apaixona, arrisca e envolve. Porque a caridade verdadeira é sempre imerecida, incondicional e gratuita (cf. 1 Cor 13). A caridade é criativa, encontrando a linguagem certa para comunicar com todos aqueles que são considerados incuráveis e, portanto, intocáveis”. 
 

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“O contacto é a verdadeira linguagem comunicativa, a mesma linguagem afectiva que comunicou a cura ao leproso. Quantas curas podemos realizar e comunicar, aprendendo esta linguagem! Era um leproso e tornou-se arauto do amor de Deus. Diz o Evangelho: «Ele, porém, assim que se retirou, começou a proclamar e a divulgar o sucedido» (cf. Mc 1, 45), prosseguiu o Santo Padre falando da leitura deste domingo.
 
Dirigindo-se aos 20 novos Cardeais que criou ontem, disse-lhes que “esta é a lógica de Jesus, este é o caminho da Igreja: não só acolher e integrar, com coragem evangélica, aqueles que batem à nossa porta, mas ir à procura, sem preconceitos nem medo, dos afastados revelando-lhes gratuitamente aquilo que gratuitamente recebemos. «Quem diz que permanece em [Cristo], deve caminhar como Ele caminhou» (1 Jo 2, 6). A disponibilidade total para servir os outros é o nosso sinal distintivo, é o nosso único título de honra!”
 
“E pensem bem –continuou o Papa- nesses dias em que vocês receberam o título cardinalício, invoquemos a intercessão de Maria, Mãe da Igreja, que sofreu em primeira mão a marginalização por causa das calúnias (cf. Jo 8, 41) e do exílio (cf. Mt2, 13-23), para que nos alcance a graça de sermos servos fiéis a Deus. Ensine-nos Ela – que é a Mãe – a não termos medo de acolher com ternura os marginalizados; a não temermos a ternura e a compaixão; que Ela nos revista de paciência acompanhando-os no seu caminho, sem buscar os triunfos dum sucesso mundano; que Ela nos mostre Jesus e faça caminhar como Ele”.
 
“Amados irmãos, com os olhos fixos em Jesus e em Maria nossa Mãe, exorto-vos a servir a Igreja de tal maneira que os cristãos – edificados pelo nosso testemunho – não se sintam tentados a estar com Jesus, sem quererem estar com os marginalizados, isolando-se numa casta que nada tem de autenticamente eclesial. Exorto-vos a servir Jesus crucificado em toda a pessoa marginalizada, seja pelo motivo que for; a ver o Senhor em cada pessoa excluída que tem fome, que tem sede, que não tem com que se cobrir; a ver o Senhor que está presente também naqueles que perderam a fé ou se afastaram da prática da sua fé; o Senhor, que está na cadeia, que está doente, que não tem trabalho, que é perseguido; o Senhor que está no leproso, no corpo ou na alma, que é discriminado”, concluiu.