ROMA, 17 de fev de 2015 às 12:08
"Devo permanecer! Como deixar os cristãos sozinhos?”, foram as palavras do Dom Giovanni Martinelli, Vigário Apostólico de Trípoli (Líbia), diante da ameaça de que o Estado Islâmico (ISIS) tome o controle do país e siga decapitando cristãos, como fez neste fim de semana com 21 egípcios coptos.
Este domingo terroristas do Estado Islâmico na Líbia difundiram um vídeo intitulado “Uma mensagem assinada com sangue à nação da cruz”, mostrando o assassinato de 21 egípcios. “Recentemente nos viram nas colinas de Sham e na terra de Dabiq, cortando cabeças que carregaram a cruz durante muito tempo, cheios de pesar contra o islã e os muçulmanos. Hoje estamos ao sul de Roma, na terra do islã, na Líbia enviando outra mensagem”, expressaram os fundamentalistas.
Ante estas palavras, a Itália evacuou seus cidadãos da Líbia e anunciou que pretende enviar cinco mil soldados para combater jihadistas e chamou a outros países a unirem-se a uma coalizão internacional, entre eles a Espanha.
"O risco é iminente e não se pode esperar mais. Itália precisa defender-se e apor-se ao Califado", declarou à imprensa a Ministra de Defesa italiana, Roberta Pinotti. Por sua parte, o Egito lançou até o momento dois ataques aéreos contra posições do Estado Islâmico.
Em declarações a Radio Vaticano, Dom Martinelli, que nasceu na Líbia, disse: “podemos ir, é verdade. Provavelmente de um momento ao outro (os jihadistas) nos tomam e dizem: ‘você está contra o islã’… e este seria o fim. Estamos em uma situação de ambiguidade. Isto é por falta de diálogo: faltou o diálogo por muito tempo, agora é preciso recuperar o tempo”.
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O Prelado relatou que os cristãos na Líbia -entre eles um grupo de filipinos- têm certo temor. Entretanto, disse, estão ali para testemunhar “aquilo que Jesus nos pede fazer”. Sobre si próprio, o bispo indicou: “Se não fosse pela fé, nenhum de nós estaríamos aqui”.
Mons. Martinelli advertiu que não só estão sofrendo os cristãos, mas também “os líbios que nos amam, que querem nosso bem, que fazem de tudo para poder retornar a uma relação mais normal”.
Por isso, exortou a comunidade internacional a ser capaz de “lançar um diálogo com este país que está dividido”. “Procurar ser instrumentos de unidade” e não só velar pelos interesses particulares.
O Prelado franciscano assinalou que os fundamentalistas são financiados com os poços petroleiros que capturaram na Líbia e no Golfo Pérsico.