Um importante Cardeal africano indicou que os bispos do continente querem que o próximo sínodo no Vaticano se enfoque em fortalecer a Igreja com boas famílias, em lugar de desviar-se em outros temas tais como o debate sobre a possibilidade de dar a Comunhão aos divorciados em nova união.
 
O Arcebispo de Durban (África do Sul), Cardeal Wilfrid Napier, esteve em Roma recentemente para uma reunião dos bispos africanos, conhecida como Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar (SECAM), com o Papa Francisco.
 
Em meados de fevereiro, o Cardeal Napier disse ao Grupo ACI que se reuniu com um grupo de cardeais para discutir os temas que apresentariam em outubro, no Sínodo sobre a Família que será realizado em Roma.
 
“E o primeiro que dissemos foi que temos que enfatizar que temos bons matrimônios, temos boas famílias; primeiro e principalmente sejamos positivos”, disse.
 
Em segundo lugar, continuou, “como podemos assegurar que a próxima geração também tenha boas famílias e bons matrimônios? Por isso a preparação e o acompanhamento são duas coisas nas quais realmente temos que nos concentrar”.
 
O Cardeal Napier enfatizou que as boas famílias e a preparação das boas famílias no futuro, eram a sua resposta à pergunta sobre a suposta abertura de um bispo africano a admitir a Comunhão aos divorciados em nova união.
 
John Allen do site Crux escreveu em 11 de fevereiro que o Arcebispo de Accra (Gana), Dom Gabriel Palmer-Buckle, disse que “está aberto a permitir que os católicos divorciados e civilmente casados novamente recebam a Comunhão, desmentindo impressões de uma posição africana uniformemente hostil à mudança nestes temas”.
 
Allen não citou Dom Palmer-Buckle, mas escreveu que o Prelado diz que está disposto a “votar sim” sobre “a proposta de Kasper”.
 
O Cardeal alemão Walter Kasper foi quem sugeriu que a Comunhão possa ser entregue, em certos casos, àqueles divorciados em nova união, sem precisarem de um decreto de nulidade de seu primeiro matrimônio.
 
Depois de discutir a necessidade de fortalecer as famílias agora e no futuro, o Cardeal Napier se referiu aos comentários do Arcebispo de Gana.
 

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“Um dos cardeais teve a ideia de telefonar para o homem em questão (Dom Palmer-Buckle) e ele disse ‘olha, estava falando de forma muito geral, é verdade que isso surgiu e a minha resposta foi (que) em casos como este, temos que olhar caso por caso, não se pode fazer uma declaração geral de que se pode dar a Comunhão às pessoas que estão (divorciadas e) em nova união”.
 
O Cardeal Napier indicou que embora saiba que este tema “sairá de novo, gostaríamos, como grupo de líderes da Igreja na África, não ser desviados em temas, problemas, sem primeiro olhar para as coisas boas que temos e como podemos fortalecer a Igreja através de bons casamentos e boas famílias”.
 
Dom Palmer-Buckle foi eleito pela Conferência Episcopal de Gana como seu delegado no Sínodo da Família de 2015.
 
Essa mesma conferência episcopal adotou em 15 de novembro de 2014, ao concluir a sua assembleia plenária, um comunicado que destaca “o perene e imutável ensinamento da Igreja sobre a família”, e que “Deus determinou que o matrimônio seja indissolúvel como Jesus afirmou, ‘o que Deus uniu, que o homem não separe’”.

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No mesmo comunicado, os Bispos da Gana, entre eles Dom Palmer Buckle, assinalaram que “a Igreja também continuará ensinando que o divórcio de um cônjuge vivo e fiel não está permitido pela Igreja porque separa o que Deus uniu”.
 
A Igreja, indicaram os Bispos “sofre com aqueles que não são admitidos à Comunhão devido a seu status marital, e continuará caminhando com eles na fé para animá-los a não caírem na desesperança”.
 
Consultado sobre a preparação dos bispos africanos para o próximo Sínodo, o Cardeal Napier disse que as conferências episcopais já examinaram um questionário preparado para o Sínodo dos Bispos.
 
“Seguindo meu conselho, os bispos decidiram que simplificariam o questionário e o enfocariam em cinco áreas que sairão no documento final”.
 
A primeira destas áreas, disse, “é a questão chave da preparação e acompanhamento do matrimônio”.
 
Referindo-se à exortação apostólica “Familiaris consortio” de São João Paulo II, depois da conclusão do Sínodo da Família de 1980, o Cardeal Napier disse que “não só estamos falando sobre a preparação para o dia do casamento mas, sobretudo, sobre o programa de catequese do tempo da Crisma até o matrimônio”.
 
“E acompanhamento então pelos primeiros quatro ou cinco anos: tendo casais na paróquia acompanhando os casais de recém-casados”.
 
A segunda área de perguntas que os bispos africanos farão envolve o ministério “quando um matrimônio se rompe”, e a terceira preocupação é a coabitação, indicou o Cardeal.
 
“Muitos casais estão vivendo juntos antes do casamento. O que está fazendo com que eles ajam assim? Que diferença faz para eles casar-se? Todo este tipo de perguntas, temos que encontrar qual é a causa disto”.
 
A quarta área, indicou, é “a questão de quando um matrimônio se rompe, quão acessíveis são os tribunais para investigar esse matrimônio, e declará-lo nulo e sem efeito se esse fosse o caso?”
 
A quinta área “são as situações extraordinárias que algumas famílias têm que viver” tais como pais solteiros e lares sustentados pelos filhos.
 
O Cardeal Napier também destacou que é “absolutamente” importante que os fiéis rezem pelo Sínodo e pelos bispos que participarão dele.
 
“Acho que para este Sínodo, especialmente porque é sobre uma coisa tão vital como a família e o matrimônio, necessitamos de muitas orações” disse, e destacou que a Adoração Eucarística “é uma das melhores, acredito”.