PARIS, 25 de fev de 2015 às 14:48
Os bispos das dioceses francesas de Lyon, Grenoble e Belley-Ars, estabeleceram a celebração de um Ano Jubilar em 2015 para a comemoração dos 200 anos da ordenação sacerdotal de São João Maria Vianney, mais conhecido como o Cura d’Ars.
Esta celebração acontece em meio a um período turbulento para a diocese de Belley-Ars pois o bispo teve que tomar a grave decisão de retirar o Santíssimo de todas as igrejas e capelas da região para proteger a Eucaristia, sempre muito querida pelo Cura d’Ars.
São João Maria Vianney foi ordenado sacerdote em 13 de agosto de 1815 no Grande Seminário de Grenoble, por este motivo os bispos dispuseram a realização do Ano Jubilar a partir de 8 de fevereiro até 8 de dezembro deste ano.
Sobre este aniversário, o Bispo de Belley-Ars, Dom Pascal Roland, assinala que “valorizar este aniversário de 200 anos não é um pretexto para fazer festa. (…) Não buscamos ceder a um espírito nostálgico, é tomar consciência de que Deus intervém na nossa história e recordar que Deus continua cuidando de nós, tanto hoje como ontem”.
“Faz 200 anos, a vila de Ars, como o resto do nosso país (França), conhecia a pobreza espiritual, a miséria moral e social. O ateísmo militante e a violência revolucionária tinham impregnado o país e assistíamos a um adormecimento da vida cristã. Nesse contexto, o Senhor enviou para o seu povo um bom pastor que revelou o amor de Deus e ao próximo”.
O Prelado afirma que Deus “deu um bom pastor que mostrou a misericórdia de Deus aos seus paroquianos e difundiu este amor no coração de todos”.
Depois de ressaltar que com o Cura d’Ars Deus mostra que sempre é fiel a suas promessas e a sua aliança, o Bispo assinala que este Ano Jubilar também deve servir para ajudar a apoiar os sacerdotes e para promover as vocações ao sacerdócio: “não esqueçamos que João Maria Vianney aprendeu a amar a Deus e ao próximo na família que é o berço das vocações!”
Sua vida
São João Maria Vianney é conhecido como o Cura d’Ars por causa do nome do povoado no qual serviu durante 41 anos. Foi um grande confessor, tinha o dom da profecia, recebia ataques físicos do demônio e viveu entregue à mortificação e à oração. É o padroeiro dos párocos.
Seu grande amor pela salvação das almas o levava a passar cerca de 11 horas no confessionário onde arrancou muitas almas do demônio que furioso o atacou, inclusive fisicamente, durante 35 anos.
Em fevereiro de 1818 o transferiram para Ars. O Vigário Geral lhe disse: "não há muito amor nessa paróquia, você lhe infundirá um pouco". Quando chegou ao lugar disse uma profecia, "a paróquia não será capaz de conter as multidões que virão aqui".
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Como era um povoado muito atraído pelo mundano, quando saía para rezar pelos prados falava com os camponeses sobre as colheitas, o tempo, suas famílias. Preocupava-se com os pobres e vivia intensamente a virtude da humildade.
Era muito desapegado das coisas materiais, dormia no chão do seu quarto porque deu a cama de presente, comia somente batatas e de vez em quando um ovo cozido.
Sempre dizia que “o demônio não tem tanto medo da disciplina; mas teme realmente à redução de comida, bebida e sono".
Uma vez o demônio tremeu a sua casa por 15 minutos, em outra ocasião quis tira-lo da Missa e incendiou a sua cama, mas o santo mandou outras pessoas apagarem o fogo e não deixou o altar. O demônio fazia muito barulho para não deixá-lo dormir e também lhe gritava da janela: "Vianney, Vianney come batatas".
Uma das sequelas da Revolução Francesa –que foi marcadamente anticatólica– foi a ignorância religiosa. Para tentar remediá-la passava noites inteiras na pequena sacristia de sua paróquia escrevendo e tentando memorizar os seus sermões. Não tinha boa memória e tinha muita dificuldade de lembrar o que escrevia.
Ensinava o Catecismo às crianças e lutou para que as pessoas não trabalhassem ou estivessem em bares aos domingos.
Sua popularidade foi crescendo e eram milhares as pessoas de todas as partes que chegavam para confessar-se com ele. Confessou mais de 100 mil pessoas no último ano de sua vida.
Concederam ao povo a permissão de construir uma Igreja, o que garantiria a permanência do santo. Seu doce amor pela Virgem Maria levou a que consagre a sua Paróquia à Mãe de Deus. Até agora, a imagem de Nossa Senhora que ele colocou na entrada continua no mesmo local.
Na madrugada do sábado, 4 de Agosto de 1859, o Cura d’Ars partiu para a Casa do Pai. Seu corpo permanece incorrupto na igreja de Ars.
Em 8 de Janeiro de 1905, O Papa Pio X o Beatificou e na festa de Pentecostes em 31 de maio de 1925, O Papa Pio XI o declarou Santo.