Vaticano, 11 de mar de 2015 às 14:39
O Papa Francisco abordou de novo a figura dos avós em sua catequese da Audiência Geral desta quarta-feira na Praça São Pedro.
“É verdade que a sociedade tende a nos descartar, mas certamente não o Senhor”, disse o Pontífice incluindo-se entre as pessoas de idade avançada e recordando como na visita que realizou às Filipinas em janeiro passado as pessoas lhe chamavam de “Lolo Kiko”, que quer dizer “Vovô Francisco”.
“Ele nos chama a segui-Lo em cada idade da vida e mesmo a velhice contém uma graça e uma missão, uma verdadeira vocação do Senhor”, explicou ao começo de seu discurso breve.
Nesta idade, “não é ainda o momento de tirar os remos do barco”, destacou. O Pontífice também expressou o desejo de uma Igreja que desafie a cultura do descartável, promovendo o reencontro alegre e a acolhida mútua das distintas gerações.
Comentou que a sociedade ainda não está pronta para dar “o seu pleno valor espiritualmente e moralmente” à velhice e explicou que “mesmo a espiritualidade cristã foi pega um pouco de surpresa e se trata de delinear uma espiritualidade das pessoas idosas”. Embora, “graças a Deus não faltam os testemunhos de santos e santas idosos!”.
Recordou o “Dia para os idosos” que aconteceu na Praça São Pedro em 2014, algo que deve continuar tanto “no âmbito eclesial como civil”.
As figuras por excelência dos anciões na Escritura seriam a “de Ana e Simeão” e o Papa colocou a história deles como um exemplo a ser imitado. “Tomemos gosto por procurar palavras nossas, reapropriemo-nos daquelas que a Palavra de Deus nos ensina. É um grande dom para a Igreja, a oração dos avós e dos idosos!”, destacou.
“Uma grande injeção de sabedoria também para toda a sociedade humana: sobretudo para aquela que está muito ocupada, muito presa, muito distraída. Alguém deve, então, cantar, também para eles, cantar os sinais de Deus”, alertou.
Não faltou a menção a Bento XVI, e pediu olhar seu exemplo, “que escolheu passar na oração e na escuta de Deus a última etapa de sua vida! É belo isso!”.
Por outro lado, o Pontífice mencionou a Olivier Clément, um teólogo ortodoxo, que afirmava que “uma civilização onde não se reza mais é uma civilização onde a velhice não tem mais sentido. E isso é terrível, nós precisamos antes de tudo de idosos que rezam, porque a velhice nos é dada para isso”.
“Nós podemos agradecer ao Senhor pelos benefícios recebidos e preencher o vazio da ingratidão que o circunda. Podemos interceder pelas expectativas das novas gerações e dar dignidade à memória e aos sacrifícios do passado”.
Aos idosos, Francisco exortou a que sejam testemunhos para “os jovens amedrontados que a angústia do futuro pode ser vencida. Podemos ensinar aos jovens muito apaixonados por si mesmos que há mais alegria em dar do que em receber. Os avôs e as avós formam o “coro” permanente de um grande santuário espiritual, onde a oração de súplica e o canto de louvor apoiam a comunidade que trabalha e luta no campo da vida”.
Continuando com o tema da oração, o Papa afirmou que “purifica incessantemente o coração. O louvor e a súplica a Deus previnem o endurecimento do coração no ressentimento e no egoísmo”.
“Como é ruim o cinismo de um idoso que perdeu o sentido do seu testemunho, despreza os jovens e não comunica a sabedoria de vida!”, exclamou Francisco. “Em vez disso, como é bonito o encorajamento que o idoso consegue transmitir ao jovem em busca do sentido da fé e da vida!”.
“As palavras dos avós têm algo de especial, para os jovens. E eles sabem disso. As palavras que a minha avó me entregou por escrito no dia da minha ordenação sacerdotal as levo ainda comigo, sempre, no breviário e as leio e me faz bem”, confessou o Pontífice.
“Como gostaria de uma Igreja que desafia a cultura do descartável com a alegria transbordante de um novo abraço entre os jovens e os idosos! E isso é o que peço hoje ao Senhor, este abraço!”, finalizou.