A criação do homem e da mulher, com o sacramento do matrimônio, são “um maravilhoso dom que Deus instituiu à humanidade”. Este foi o tema da mais recente catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira,15, na Praça de São Pedro, à que compareceram milhares de fiéis.

Antes de começar o seu discurso, o Papa explicou que “esta catequese e a próxima serão sobre a diferença e a complementariedade entre o homem e a mulher, que estão no vértice da criação divina; as duas catequeses que seguirão depois serão sobre outros temas do Matrimônio”.

Durante a sua explicação, o Papa Francisco denunciou a ideologia de gênero ou teoria do gênero e mostrou uma série de preocupações que se derivam dela. Pedindo a todos os fiéis e principalmente às famílias que mostrem a beleza da aliança entre o homem e a mulher, animou a vivê-la “para o bem”.

O Papa começou recordando o Livro da Gênesis, onde lemos que Deus, depois de ter criado o universo inteiro, “criou o ser humano à sua imagem: criou-os homem e mulher.”

Francisco sublinhou que “a diferença sexual está presente em muitas formas de vida.  Não só o homem e nem só a mulher são imagem de Deus, mas ambos, como casal, são imagem de Deus Criador.  “Isto nos diz que não só o homem tomou em si a imagem de Deus, não só a mulher tomou em si a imagem de Deus, mas também o homem e a mulher, como casal, são imagem de Deus”.     

Portanto, a diferença entre eles tem em vista a comunhão e a geração, e não a contraposição nem a subordinação. “Somos feitos para ouvir-nos e ajudar-nos reciprocamente. Sem esse enriquecimento recíproco, não se pode entender profundamente o que significa ser homem e mulher”, disse o Papa.

Continuando, disse que “a cultura moderna e contemporânea abriu novos espaços, novas liberdades e novas profundidades para o enriquecimento da compreensão destas diferenças”, mas denunciou que “introduziu também muitas dúvidas e muito ceticismo”.

Depois enumerou uma série de exemplos: “Pergunto-me, por exemplo, se a chamada teoria do gênero não é expressão de uma frustração e resignação, com a finalidade de cancelar a diferença sexual por não saber mais como lidar com ela. Neste caso, corremos o risco de retroceder”, alertou.

“A eliminação da diferença, com efeito, é um problema, não uma solução. Para resolver seus problemas de relação, o homem e a mulher devem dialogar mais, escutando-se, conhecendo-se e amando-se mais”.

Aliás “devem tratar-se com respeito e colaborar com a amizade”. E “com estas bases humanas, sustentadas pela graça de Deus, é possível projetar a união matrimonial e familiar que dure para a vida inteira”. “A união matrimonial e familiar é algo sério, não só para os cristãos, é para todos”, assinalou.

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Nesse sentido, exortou os intelectuais a que “não abandonem este tema, como se fosse algo secundário pelo empenho em favor de uma sociedade mais livre e justa”.

“Deus confiou a terra à aliança do homem e da mulher: a falência desta aliança gera a aridez dos afetos no mundo e obscurece o céu da esperança”.

“Os sinais são visíveis e preocupantes”, disse, indicando duas reflexões que merecem atenção:

A primeira, relacionada à importância da mulher e seu papel na sociedade. Sobre isto manifestou que “sem dúvida devemos fazer muito mais a favor da mulher, se queremos dar mais força à reciprocidade entre homens e mulheres. É necessário, de fato, que a mulher não seja somente mais ouvida, mas que a sua voz tenha um peso real, uma autoridade reconhecida na sociedade e na Igreja.

O Pontífice citou como exemplo o modo como Jesus no Evangelho considerou as mulheres num período em que eram relegadas a segundo plano: “Em um contexto menos favorável que o nosso, manda uma luz potente, que ilumina um caminho que leva longe, do qual percorremos somente uma parte”, trata-se pois “de um caminho a percorrer-se com mais criatividade e mais audácia”.

A segunda reflexão diz respeito ao tema do homem e da mulher criados à imagem de Deus. “Me pergunto se a crise de confiança coletiva em Deus não estaria relacionada à crise da aliança entre homem e mulher, já que a comunhão com Deus está intimamente ligada à comunhão do casal humano.”

O Pontífice esclareceu que a Escritura “nos diz que a comunhão com Deus se comprova na comunhão do casal humano e que a perda da confiança no Pai celeste gera divisão e conflito entre o homem e a mulher”.

Eis então a grande responsabilidade da Igreja e de todos os fiéis e das famílias cristãs para redescobrir a beleza do projeto criador que grava a imagem de Deus também na aliança entre o homem e a mulher”.

O Papa concluiu dizendo que “a terra enche-se de harmonia e confiança quando a aliança entre o homem e a mulher é vivida no bem. Jesus nos encoraja explicitamente ao testemunho desta beleza, que é a imagem de Deus”, concluiu o Papa.