MADRI, 14 de mai de 2015 às 14:26
O Pe. Douglas Bazi testemunhou em primeira pessoa os horrores cometidos pelo Estado Islâmico no Iraque. Foi sequestrado por este grupo terrorista muçulmano durante nove dias e agora pede para que o mundo não esqueça dos cristãos e protejam as minorias neste país do Oriente Médio.
“Não me surpreendeu que me sequestrassem, o que me surpreende é seguir vivo”, expressou o Pároco da Igreja de São Elias em Erbil (Iraque). “Um dia, depois de celebrar a missa, estava indo à casa de uns amigos, quando dois carros interromperam meu caminho e me sequestraram. Meu primeiro pensamento foi: ‘Este será o meu fim, me mataram’”, recordou o Pe. Douglas em sua entrevista ao grupo ACI.
“Vendaram os meus olhos e em seguida ameaçaram matar-me se visse os meus sequestradores. Me colocaram no porta-malas de um automóvel e me levaram a uma casa onde permaneci preso durante nove dias. Sangrava muitíssimo porque bateram no meu rosto com um martelo e com joelhadas”, relatou o Pe. Bazi.
“Me colocaram umas correntes e algemas. Permaneci lá durante nove dias horríveis. Neste momento o meu único consolo era rezar o rosário”, destacou o sacerdote.
O Pe. Bazi relatou: “Rezei os melhores rosários da minha vida com a ajuda das correntes”. Ele aconselhava os sequestradores durante o dia e de noite eles o torturavam. Ficou durante nove dias sem comer e sem tomar água.
O sequestro somente foi um dos inumeráveis ataques que recebeu, além disso os grupos radicais haviam lançado morteiros enquanto celebrava a missa. Em outra ocasião colocaram uma bomba em sua paróquia e também lhe dispararam um tiro na perna.
“Nossa comunidade está constituída por quatro pontos: Jesus, o Papa, o Bispo e o sacerdote. Por isso, quando querem atacar começam pelo sacerdote porque assim atacam a base”, assegurou o padre.
Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram
Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:
Segundo afirmou o Pe. Bazi: “Durante 100 anos meu povo sofreu oito momentos de violência contra eles. Em quatro ocasiões foram obrigados a saírem do país ou da cidade”.
“Os muçulmanos radicais não aceitam nenhum grupo educado e os cristãos são um dos últimos grupos assim”, explicou o sacerdote Iraquiano.
“O problema do Oriente Médio não é a disputa pelo petróleo, mas a briga entre os (muçulmanos) sunitas e chiitas que disputam pelo território. Isso é o único que lhes preocupa”, assinalou.
Diante desta situação dramática o Pe. Douglas admitiu: “Ninguém pode viver eternamente em uma caravana e muito menos famílias inteiras em habitações pequenas”. Por isso, pede ajuda para a construção de lugares de acolhida para os refugiados.
Além disso, insistiu: “O ponto mais importante para melhorar esta situação seria criar oportunidades culturais entre os jovens: “Pertenço a um país com mais de 6000 anos de civilização, mas agora não temos cultura, necessitamos educação, escolas. Além disso é muito importante pensar como ajudaremos nosso povo no futuro quando tirem de dentro o trauma que carregam”.
“Muitos não querem deixar o país. Nós estamos orgulhosos de ser iraquianos e também da nossa fé católica, embora o Iraque não esteja orgulhoso de que sejamos parte deste país”, conclui a entrevista do Pe. Bazi.