PARIS, 19 de mai de 2015 às 11:54
Em resposta à ordem emitida pelo Tribunal Administrativo de Rennes (norte da França) que decretou a remoção da cruz que está encima da estátua do canonizado Pontífice na praça João Paulo II em Ploërmel, um grupo lançou uma campanha para recolher assinaturas com a finalidade de defender a imagem.
A ordem do Tribunal surge do agrupamento trotskista Federação de Livre Pensamento de Morbihan, que assinala: “A cruz na estátua atenta contra a lei de 1905 que esclarece a separação entre a Igreja e o Estado”.
Conforme esta lei, não se deve colocar nenhum sinal religioso como emblema nos monumentos ou em qualquer espaço público. O único lugar permitido são os lugares de culto, cemitérios ou museus.
Embora este grupo trotskista considere João Paulo II um personagem histórico e político, pediram eliminar a cruz e o arco que rodeia a estátua argumentando que são símbolos religiosos ostentosos. Os membros do Tribunal aprovaram a eliminação da cruz e disseram que se não for retirada dentro de seis meses, a imagem inteira será removida.
A estátua foi erguida em 2006 em Ploërmel por ordem do então prefeito, Paul Anselin. O escultor russo Zourab Tsereteli é o autor da figura de bronze de João Paulo II, a imagem mede oito metros de altura e é circuncidada por um arco sobre o qual está uma cruz.
O prefeito de Ploërmel, Patrick Le Diffon, assinalou ao jornal francês, Breizh-info: “A cruz é parte do trabalho do escultor e que o escultor, invocando a lei de propriedade intelectual, não estaria a favor de nenhuma mudança porque considera que o arco e a estátua se complementam. Se a cruz não pode separar-se da estátua, então todo o monumento será retirado”.
Tanto o atual prefeito como o antigo estão contra a ordem emitida pelo Tribunal. “Temos diante nossos olhos leigos atrasados! A estátua de João Paulo II é uma homenagem, pois ele foi um ‘’gigante da história’, derrotou o comunismo. Em vez de atacar-nos, estas pessoas devem ser mais tolerantes e abertas. Existem muitas cruzes nos monumentos de guerra por toda a França e ninguém pensa em retira-las! ”, comentou o ex-prefeito Pablo Anselin.
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Por sua parte, o atual prefeito Diffon também expressou seu desejo de não render-se diante da ordem emitida pelo Tribunal e afirma: “João Paulo II “não era somente um homem da Igreja, mas também um homem do estado, pois lhe concederam a honra de estar na praça pública”.
Após a canonização do Papa João Paulo II, o conselho municipal decidiu batizar novamente a praça de São João Paulo II.
Na opinião de alguns cidadãos franceses, a eliminação da cruz alimentaria a cristãofobia que existe na França evidenciada atualmente na profanação de tumbas em Castres, no roubo do Santíssimo em Ars nas tentativas de ataque às Igrejas em Paris.
Salvemos a estátua!
Em resposta a esta ordem decretada pelo Tribunal de Rennes, Jozsef Michl, o prefeito de Tata, uma cidade localizada no nordeste de Budapest (Hungria), propôs a Diffon esta semana trasladar o monumento à cidade húngara: “Se a França, o país da liberdade, não quer a estátua, nós estaremos muito contentes de tê-la aqui na nossa cidade”, declarou à imprensa francesa. “É revoltante que isto aconteça no século XXI, como se houvesse um problema com as raízes cristãs da Europa", acrescentou.
Uma plataforma cidadã lançou ainda a campanha para recolher assinaturas nomeada “Não toquem o meu Papa” (Touche pas à mon pape!). Este grupo quer formar uma cadeia humana para defender este patrimônio. “Se hoje o governo elimina a estátua de um Papa, amanhã o governo destruirá as cruzes! ”, assinalam na página web.
“É nosso dever preservar sua memória. Não só de nosso passado, mas também do nosso futuro, diante de tantas perseguições que existem no mundo contra a religião católica”, indicam.