VATICANO, 22 de mai de 2015 às 13:52
Nesta quinta-feira foi apresentada a segunda Conferência Internacional sobre a Mulher que começa hoje em Roma (Itália), para abordar o papel da mulher e os problemas que enfrenta no mundo de hoje, como a “colonização ideológica de gênero”, o aborto seletivo de fetos femininos, a violência, a exploração do trabalho e o acesso à educação.
O evento foi organizado pelo Pontifício Conselho Justiça e Paz, em colaboração com a União Mundial de Organizações Femininas Católicas (WUCWO) e a Aliança Mundial de Mulheres pela Vida e pela Família (WWALF). O tema abordado será “Mulheres para a agenda de desenvolvimento pós-2015: Quais os seus desafios diante dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (OSS)? ”.
Durante a apresentação, o Presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz, Cardeal Peter Turkson, indicou: “A primeira jornada de hoje será apresentada em três blocos: Começaremos fazendo uma análise da antropologia feminina comparando-a com a cultura moderna, que nos dará novas idéias sobre algumas mudanças semânticas dos termos de referência. Conforme recordou o Papa Francisco, na audiência geral do dia 15 de abril, declarando em termos críticos a chamada ‘ideologia de gênero’”.
Por sua parte, a presidenta da Aliança Mundial de Mulheres pela Vida e pela Família (WWALF), Olimpia Tarzia, afirmou: “A Conferência contribuirá consolidando parcerias com mulheres do mundo da cultura e acadêmico para reforçar a defesa da vida e da família, buscando deste modo, diminuir as novas formas de escravidão que as mulheres deste novo milênio são submetidas”.
Desta maneira, Tarzia indicou: “As mulheres poderão rejeitar as pressões culturais e educativas que, sob o pretexto da ‘igualdade de gênero’, representam –como afirma o Santo Padre-, a ‘colonização ideológica do gênero’. Uma colonização que busca uma mudança antropológica que destrói a família como instituição e como sociedade natural estabelecida no matrimônio entre um homem e uma mulher”.
Aborto seletivo
Durante a apresentação, o Cardeal Turkson também denunciou a violência doméstica e assassinatos de mulheres. “Em algumas zonas mais pobres dos países em via de desenvolvimento são numerosos os infanticídios de meninas e os abortos seletivos de fetos femininos: nos encontramos em uns e outros casos, frente a graves violações da dignidade e dos direitos da mulher, o primeiro de todos é o direito à vida”, assinalou.
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Do mesmo modo, disse o Cardial Peter Turkson: “Em alguns casos a educação é o recurso essencial para o direito à vida e em alguns lugares do mundo este recurso é negado às meninas, cujo nascimento é considerado uma desgraça, pois o único destino da mulher é o matrimônio, para o qual a família deve entregar um dote”.
O Cardeal mencionou vários episódios que aconteceram nos últimos tempos, como por exemplo, “algumas meninas e mulheres convertidas em vítimas de atrocidades incríveis, - especialmente por causa da sua fé cristã- acompanhadas de violência sexual, o que nos interpela brutalmente”.
“Estes acontecimentos nos impulsionam a intensificar o diálogo inter-religioso e apelar à nossa mesma natureza humana, que vai além de todas diferenças religiosas e culturais, para condenar energicamente essas atrocidades e defender aquelas pessoas que estão ameaçadas”.
A este Congresso assistirá cerca de cem pessoas de diversos países e culturas, algo que ajudará a aprofundar ainda mais nos diversos temas e denunciará, segundo explicaram os organizadores, o fenômeno do tráfico de pessoas que o Papa Francisco denunciou em diversas ocasiões.
O Cardeal também destacou o papel das mulheres na luta contra a pobreza e a fome e como “guardiãs da vida em todas suas fases”.
Por sua parte, Olimpia Tarzia se referiu ao problema das conhecidas “barrigas de aluguel”, como um fenômeno ao qual muitas mulheres são forçadas devido à pobreza, colocando sua vida e saúde em risco.
Na apresentação também intervieram Maria Giovanna Ruggieri, Presidenta da União Mundial das Organizações Femininas Católicas e Flaminia Giovanelli, Subsecretária do Pontifício Conselho Justiça e Paz, quem mencionou sobre o tema da contribuição da mulher ao desenvolvimento sustentável da sociedade.