Esperavam um filho que nasceria com uma grave enfermidade e não o abortaram. O testemunho do casal que comoveu o Papa

VATICANO, 1 de jun de 2015 às 17:54

"Vocês são pequenos heróis da vida”, declarou o Papa Francisco na última sexta-feira, na Capela da Casa Santa Marta, em um encontro com grupo de pais de filhos gravemente enfermos. O Papa agradeceu os pais destas crianças pela sua coragem de irem contra o aborto e a cultura do descarte e por não seguirem ‘a regra dos mafiosos’, pois nunca se resolve um problema descartando uma pessoa.

No encontro havia 20 crianças, de idade entre 7 e 14 anos, mas também alguns pequenos de 2 ou 3 anos; acompanhados por seus pais e por voluntários e responsáveis da UNITALSI, uma organização nacional italiana que transporta os doentes a Lourdes (França) e outros Santuários. As crianças formavam parte da iniciativa “O Trem da Alegria”.

A Santa Sé informou que durante o encontro, o Pontífice escutou o testemunho do pai de um menino doente, chamado Andrea. Ele deu seu testemunho e o da sua esposa, contando a dificuldade da gravidez e a experiência de acolhida de Andrea, devido à sua grave doença e de terem ido contra o conselho de que a criança fosse abortada”.

O pai declarou: “Estou convencido de que Deus nos elegeu como pais a uma vocação de amor maior. Aquele de ser pais não uma, a não ser duas vezes: por natureza humana e por ter sido escolhidos para acompanhar um filho especial, dom especial de Deus’”.

Este testemunho foi recolhido pelo Papa Francisco, refletiu: “Por que as crianças sofrem? E convidou os pais e as crianças à procurarem o consolo e a fortaleza no olhar amoroso de Deus”.

“A Trindade, a Eucaristia, a graça de Deus, o sofrimento das crianças são um mistério. E somente se pode entrar no mistério se o Pai nos olhar com amor. Eu, realmente, não sei o que dizer para vocês, porque tenho tanta admiração pela vossa fortaleza, pela vossa coragem. Tu disseste que te aconselharam o aborto (disse o Papa ao pai de Andrea). Disseste: ‘Não. Que ele venha, ele tem o direito de viver’. Nunca, nunca se resolve um problema jogando fora uma pessoa. Nunca. Esta é a regra dos mafiosos: ‘Existe um problema, demos sumiço nesta pessoa’... Isso nunca! ”, expressou o Santo Padre.

Nesse sentido, o Papa Francisco criticou novamente: “A sociedade atual não respeita a dignidade dos doentes, estamos em um mundo onde é tão cotidiano viver a cultura do descarte, aquilo que não está bem se descarta, vocês trazem esta – me permito dizer, mas não quero fazer uma adulação, não, é de coração que o digo – esta heroicidade. Vocês são pequenos heróis da vida”.

O Pontífice também transmitiu sua proximidade aos pais: “Eu vos acompanho com o coração neste caminho, que é um caminho de coragem, que é um caminho de cruz e também um caminho que a mim faz bem, me faz bem o vosso exemplo. E vos agradeço pela vossa coragem de rejeitar o aborto. Tantas vezes, na minha vida, fui covarde, e vosso exemplo me fez bem. Por que as crianças sofrem? É um mistério... Devemos chamar Deus como um filho chama o seu pai e pergunta: ‘Por que? Por que? ’E pedir o olhar de Deus que é a única explicação que Ele nos dirá: ‘Olhe para o meu próprio Filho, Ele também sofreu’! ”.

O Senhor não responderá com palavras, mas, o mais importante é que sentiremos o seu olhar de ternura sobre nós, que nos dará a força de seguir adiante. Não tenham medo de perguntar- a Deus: ‘Por que? ’; desafiando-o: ‘Por que? ’, desde que estejam com o coração aberto a receber seu olhar de Pai. A única explicação que Ele poderá te dar será: ‘“Também o meu Filho sofreu”. Mas esta é a explicação. A coisa mais importante é o olhar. E a vossa força está ali: no olhar amoroso do Pai”, concluiu o Papa Francisco.