SARAJEVO, 6 de jun de 2015 às 12:04
O Papa Francisco chegou hoje pela manhã à cidade de Sarajevo, capital da Bósnia-Herzegovina, um país com profundas divisões étnicas e religiosas. Em seu encontro com as autoridades locais, o Santo Padre assinalou que chega ao país “como peregrino da paz e o diálogo”.
A Bósnia-Herzegovina viveu uma cruenta guerra a inícios da década de 1990, depois da dissolução da Ex-Iugoslavia. O balanço de mortes supera as 97 mil deixando ainda quase dois milhões de habitantes deslocados.
Em 1995 foram assinados os acordos de paz que deram fim à guerra.
O Papa Francisco assegurou esta manhã que “é para mim um motivo de alegria estar nesta cidade, que sofreu tanto por causa dos sangrentos conflitos do século passado, e volta a ser um lugar de diálogo e de convivência pacífica”.
“Dezoito anos depois da visita histórica de São João Paulo II, que teve lugar quase dois anos depois da assinatura dos Acordos de Paz de Dayton, venho como peregrino da paz e do diálogo”, indicou.
Francisco assinalou que “Sarajevo, assim como a Bósnia-Herzegovina, têm um significado especial para a Europa e o mundo inteiro”, assinalou, e acrescentou que “nestes territórios há comunidades que, há séculos, professam religiões diferentes e pertencem a etnias e culturas distintas, cada uma com suas características peculiares e orgulhosa de suas tradições específicas”.
Isto, destacou, “não foi obstáculo para que durante muito tempo tenha havido relações de mútua amizade e cordialidade”.
O Santo Padre assinalou que em meio à “encruzilhada de culturas, nações e religiões” que se vive na Bósnia-Herzegovina, requer-se “que se construa sempre novas pontes e que se sane e restaure as já existentes, de modo que se assegure uma comunicação fluída, segura e civil”.
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“É necessário um diálogo paciente e crédulo, para que as pessoas, as famílias e as comunidades possam transmitir os valores de sua própria cultura e acolher o que há de bom na experiência das outras”, assinalou.
Dessa forma, disse o Pontífice, “é possível também curar as graves feridas do passado recente, e olhar para o futuro com esperança, enfrentando com o coração livre de temores e rancores os problemas cotidianos que toda comunidade civilizada deve enfrentar”.
O Papa sublinhou que as autoridades políticas têm “a nobre tarefa de serem os primeiros servidores de suas comunidades com uma atividade que proteja em primeiro lugar os direitos fundamentais da pessoa humana, entre os quais se destaca o da liberdade religiosa”.
“É indispensável que todos os cidadãos sejam iguais perante a lei e sua aplicação, independentemente de sua origem étnica, religiosa e geográfica: assim todos e cada um se sentirão plenamente partícipes da vida pública e, desfrutando dos mesmos direitos, poderão dar sua contribuição específica ao bem comum”, disse.
O Santo Padre assegurou que “a Igreja católica, através da oração e a ação de seus fiéis e de suas instituições, participa do trabalho de reconstrução material e moral da Bósnia-Herzegovina, compartilhando suas alegrias e preocupações, desejosa de manifestar com decisão sua proximidade especial com os pobres e necessitados, inspirada pelo ensinamento e o exemplo de seu divino Mestre, Jesus”.
Assim também, a Santa Sé, disse o Papa, “alegra-se por todo o caminho percorrido nestes anos e assegura seu compromisso de seguir promovendo a cooperação, o diálogo e a solidariedade, sabendo de que, em uma convivência civil e ordenada, a paz e a escuta mútua são condições indispensáveis para um desenvolvimento autêntico e permanente”.
O Vaticano, finalizou o Santo Padre, “espera ferventemente que, com a ajuda de todos e depois de que as nuvens escuras da tormenta desapareceram finalmente, a Bósnia-Herzegovina possa continuar no caminho empreendido, para que depois do frio inverno floresça a primavera”.
“Com estes sentimentos, imploro do Altíssimo a paz e prosperidade para Sarajevo e toda a Bósnia-Herzegovina”, concluiu.