AVIÃO PAPAL, 6 de jun de 2015 às 21:30
Durante o vôo de regresso a Roma (Itália), logo depois de sua visita apostólica a Sarajevo (Bósnia-Herzegovina), o Papa Francisco concedeu uma entrevista coletiva de oito minutos aos jornalistas, na qual abordou o tema das supostas aparições marianas em Medjugorje, reiterou sua condenação à hipocrisia dos que falam de paz mas negociam armas e aprofundou suas críticas ao mal uso dos meios de comunicação e da linguagem virtual.
A seguir a íntegra da entrevista do Santo Padre:
Boa tarde Santidade. Vieram muitos croatas em peregrinação e perguntam se Sua Santidade irá à Croácia. Embora estejamos na Bósnia-Herzegovina, também há um grande interesse sobre o juízo sobre Medjugorje.
O problema de Medjugorje… Bento XVI em seu tempo criou uma comissão presidida pelo Cardeal Camillo Ruini e com outros cardeais e teólogos, especialistas… fizeram o estudo e o Cardeal Ruini veio a mim e me entregou o estudo depois de tantos anos, não sei, três ou quatro anos mais ou menos… fizeram um bom trabalho, um bom trabalho… O Cardeal Müller me disse que faria uma “feria quarta” nos próximos dias e acredito que a última foi no mês passado, mas não estou seguro (Nota do Editor: feria quarta é a reunião que se dá uma vez ao mês na Congregação para a Doutrina da Fé durante a qual se examinam os casos atualmente em andamento no Dicastério). Mas estamos aí, prestes a tomar decisões…e depois serão ditas …. Somente algumas orientações dos bispos, mas serão adotadas algumas linhas. Na Croácia, para a visita à Croácia, não sei quando será, mas agora me lembro das perguntas que vocês me fizeram quando fui à Albânia: ‘mas você começa a ir à Europa por um país que não pertence à Comunidade Européia’, e eu respondi: ‘é um sinal, para começar a fazer as visitas na Europa nesses pequenos Bálcãs torturados, esses países sofreram tanto, tanto… e por isso minha preferência.
Você falou dos que deliberadamente fomentam o clima de guerra, e depois mencionou que há capitalistas que falam abertamente de paz e por debaixo da mesa comercializam armas: Poderia aprofundar um pouco mais neste conceito?
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Sim, existe a hipocrisia sempre… por isso falei: não é suficiente falar de paz, deve-se fazer a paz. E quem fala somente de paz e não faz a paz se contradiz, e quem fala de paz e favorece a guerra, por exemplo com a venda de armas, é um hipócrita. É assim.
Santo Padre, em seu encontro com os jovens falou abertamente da necessidade de estar atentos, precavidos com aquilo que veem, digo-o com palavras que não usou precisamente, a fantasia criativa… poderia aprofundar neste conceito?
Dissemos duas coisas diferentes. As modalidades e os conteúdos. Se a modalidade tiver uma modalidade que faz mal à alma que é estar muito colado ao computador. Isto é como que na alma se tire a liberdade, você se faz escravo do computador. É curioso, tantas famílias, os pais, as mães, dizem-me: os filhos estão na mesa, e eles com o celular, e em outro mundo… é verdade que a linguagem virtual é uma realidade que não podemos negar, devemos levá-la por bom caminho porque é um progresso da humanidade, mas quando isto nos leva para fora da vida comum, da vida familiar, da vida social, e somente também pelo esporte, pela arte e permaneço colado ao computador, esta é uma enfermidade psicológica, seguramente…
Segundo, os conteúdos. Sim, há coisas sujas que vão da pornografia à semi-pornografia, aos programas vazios, sem palavras, por exemplo aqueles relativistas, hedonistas, consumistas, se fomenta todas estas coisas, e sabemos que o consumismo é um câncer da sociedade, e o relativismo é um câncer da sociedade, e disto falarei na próxima encíclica que sairá este mês. Não sei se lhe respondo. Usei a palavra sujeira por dizer uma coisa geral, mas todos sabemos isto…e também há muitos pais muito preocupados, que não permitem que haja computador nos quartos das crianças, os computadores devem estar em uma sala comum da casa. Estas são pequenas ajudas que os pais encontram para evitar isto.