VATICANO, 17 de jun de 2015 às 12:13
Há alguns dias, o Papa Francisco manifestou a intenção de fixar uma data para celebrar a Páscoa de Ressurreição com todos os cristãos. Assim, todos os fiéis que seguem Jesus poderiam comemorar juntos.
Durante o III Retiro Mundial de Sacerdotes realizado na Basílica de São João de Latrão em Roma e diante presbíteros dos cinco continentes, o Santo Padre disse: "A solução mais definitiva seria uma data fixa, por exemplo, imaginemos o segundo domingo de abril”.
O Pontífice disse espontaneamente que a situação atual é um escândalo: "Quando o seu Cristo ressuscita? O meu hoje, o seu na próxima semana".
A respeito deste tema, a historiadora italiana Lucetta Scaraffia publicou no jornal do Vaticano L’Osservatore Romano uma nota titulada “Unidos na ressurreição: A proposta do Papa Francisco sobre a data da Páscoa” no qual afirma que através desta iniciativa ele exorta “a pacificação entre as confissões y (…) uma proposta de racionalização do calendário”.
Para a historiadora, o Santo Padre manifestou esta iniciativa de fixar uma data “como um dom de unidade com as outras confissões: os cristãos no mundo inteiro estão vivendo um momento dramático, as perseguições são violentas como nunca e estas golpeiam de maneira particular as Igrejas orientais, pois correm o risco de desaparecerem”.
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A proposta também procura reforçar a identidade dos cristãos, especialmente daqueles perseguidos: “A ressurreição –diz Scaraffia– celebrada juntamente aos cristãos do mundo inteiro, aumentaria a importância desta festa central para a fé em um momento no qual o mundo global e as mudanças aparecem como imposições e como algo inesperado”.
Além disso, Scaraffia assinala: “Parece que ninguém percebeu que a intervenção do Pontífice sublinha implicitamente um fato importante: Também naqueles países aonde a identidade cristã está escurecendo, a medida do tempo continua vinculada à vida de Jesus. Sabemos também que o calendário não é somente uma convenção, mas algo profundo e simbolicamente acentuado”.
A historiadora explica: “Não é um elemento indiferente que em grande parte do mundo se viva com um calendário intrinsecamente vinculado ao momento da Encarnação”.
Posteriormente indicou: “A Páscoa e as festas relacionadas a esta constituem um aspecto distinto do ano litúrgico, porque estão vinculadas a um tempo cíclico que é repetido a cada ano e que marca o retorno das estações. As outras festas, como por exemplo o Natal, foram inseridas no novo tempo lineal que foi inaugurado pela Encarnação”.
Lucetta Scaraffia recorda deste modo: “A data da Páscoa foi instituída com o ciclo da lua, e que da mesma maneira os muçulmanos e judeus estabelecem suas festas importantes com o calendário lunar. Os ortodoxos normalmente a celebram uma semana depois dos católicos”, concluiu a historiadora.