SÃO PAULO, 17 de jun de 2015 às 20:33
A responsabilidade do homem com a natureza, criação de Deus, e com as futuras gerações são alguns dos pontos destacados por Bispos brasileiros em relação à nova encíclica do Papa Francisco, “Laudato Si”. Nesta semana, o Arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, divulgou um artigo destacando como as linhas da Encíclica já mencionadas pelo Papa Francisco estão em perfeita continuidade com os ensinamentos do magistério de Bento XVI sobre o meio ambiente, especialmente aqueles contidos na Encíclica Caritas in Veritate.
Em um texto que se mostra como convite e orientação para se ler a “Laudato Si”, o Arcebispo de São Paulo aponta, inicialmente, que a questão ambiental não é uma novidade do pontificado de Francisco. O Arcebispo faz referência ao Papa Emérito Bento XVI, que em sua encíclica “Caritas in Veritate” (2009) já chamava a atenção para este tema.
Dom Odilo resume que, em “Caritas in Veritate”, Bento XVI fala sobre o relacionamento do homem com a natureza, levando em consideração o desígnio de Deus Criador e a solidariedade social. O Cardeal assinala que o hoje Papa Emérito aponta a responsabilidade para com o ambiente e traz à tona ensinamentos de dimensão ética. “Na sua encíclica, Bento XVI também oficializou na linguagem do Magistério da Igreja o conceito de ‘ecologia humana’, tratando da correta convivência das pessoas em sociedade e em relação ao meio ambiente”, pontua.
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Em relação à nova encíclica do Papa Francisco, Dom Odilo traz indicações de “três grandes motivações, à luz das quais convém ler a encíclica”. A primeira delas é a fé cristã no Deus Criador. “Estamos sendo levados, por teorias correntes sobre as origens do universo, a ‘crer’ que o mundo surgiu por si mesmo, descartando a necessidade de um Criador. A teoria da evolução não é incompatível com a fé cristã, contanto que não exclua o Deus Criador”, explica, ao propor o retorno ao primeiro artigo do Credo “Creio em Deus, Pai Criador do céu e da terra...”.
Em seguida, para o Arcebispo, vem a preocupação com a responsabilidade do homem sobre a natureza. Ele alerta que o homem não pode se transformar em dono absoluto do mundo, virando seu predador. Ao contrário, cabe a ele o cultivo responsável da mesma.
O terceiro e último ponto assinalado é a solidariedade social, tendo em vista que a natureza é “um bem destinado a todas as criaturas de Deus”. Sendo assim, afirma que “o uso egoísta e ganancioso da natureza é contrário à justiça, à solidariedade e à paz”.