O conteúdo da encíclica do Papa Francisco “Laudato Si, sobre o cuidado da casa comum” contém as verdades da fé sobre o homem e a Criação, e é este o olhar sob o qual ler o documento, explicou o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e Arcebispo de Brasília (DF), Dom Sérgio da Rocha, em coletiva de imprensa concedida pela presidência da CNBB, na quinta-feira, 18, ao fim da reunião do Conselho Permanente da entidade. Dom Sérgio enfatiza que o Papa não declara como dogmas de Fé a informação científica utilizada ao longo do texto sobre o cuidado da Casa Comum, a natureza.

Aos jornalistas, Dom Sérgio esclareceu que a encíclica traz dados científicos sobre o meio ambiente como forma de contextualizar o tema proposto, porém, “por mais que sejam seguros os dados científicos, sempre existem questionamentos, já que a ciência também tem, muitas vezes, não só dinamismo, mas também certa pluralidade na compreensão dos fenômenos”.

Ele lembrou que para a elaboração da encíclica foram realizados encontros no Vaticano a fim de refletir sobre o meio ambiente desde várias perspectivas, incluindo a ciência. O secretário-geral da CNBB e Auxiliar de Brasília (DF), Dom Leonardo Steiner, chegou a participar de um deles. Também presente na coletiva de imprensa, Dom Steiner destacou os momentos de preparação do documento, quando o Papa teve a “sensibilidade” de recolher as contribuições sobre o tema das Conferências Episcopais e do Patriarca Ecumênico, Bartolomeu.

Sobre o conteúdo da “Laudato Si”, o presidente da CNBB assinalou que ela traz um espírito de louvor e gratidão, o que se soma à esperança. “Nós temos a esperança de uma acolhida atenta da reflexão que é proposta, mas também das iniciativas, das propostas que aqui vamos encontrar. E é claro que essa atitude de gratidão e esperança também se manifesta como atitude de responsabilidade diante daquilo que o Papa apresenta. Porque aqui são diversos níveis de atividades, propostas e consequentemente de responsabilidades”, afirmou.

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O Arcebispo de Salvador (BA) e vice-presidente da CNBB, Dom Murilo Krieger, concordou com esse pensamento, ao considerar que o Santo Padre foi realista, proativo e corajoso em sua publicação, sem se prender a uma crítica, mas apontando “caminhos na esperança de poder mudar a situação do mundo” e propondo “uma mudança de mentalidade”.

Concluindo a reflexão, Dom Sérgio da Rocha avaliou que as informações científicas contidas no texto não são o essencial, mas sim contribuições que foram criteriosamente analisadas. Ele explicou que não há uma “dogmatização” desses dados e que, por serem conhecimento científico, “de alguma maneira, sempre há espaço para algum tipo de questionamento”.

São, de acordo com o prelado, informações que servem de apoio para compreender a realidade e, assim, analisá-la ética e teologicamente. Por isso, o Arcebispo orientou que a leitura da encíclica seja feita de forma a acolhê-la como um “ensinamento magisterial do Papa”, tendo por perspectiva a fé e a luz da Palavra de Deus presentes na “Laudato Si”.