TURIM, 23 de jun de 2015 às 12:41
Onze jovens reclusos na prisão Ferrante Aporti, em Turim (Itália), almoçaram com o Papa Francisco no Arcebispado dessa cidade italiana no último domingo.
Esta prisão localizada em Turim foi a que inspirou São João Bosco a desenvolver seu sistema educativo com o objetivo de incentivar os jovens e melhorar suas vidas. O atual capelão do lugar é o Pe. Domenico Ricca. Este sacerdote salesiano explicou ao Grupo ACI que “foi o Papa Francisco quem convidou os jovens para o almoço”.
“Encontrei com o Santo Padre há dois anos e em seguida lhe falei sobre uma possível visita aos jovens detidos na prisão Ferrante Aporti. Eu sabia que ele já havia visitado a prisão para menores de Casal de Marmo, em Roma, na sua primeira Quinta-feira Santa como Papa, e esperava que pudesse vir também até nós”, declarou o Pe. Ricca.
O sacerdote assegurou que, para ele, “era muito importante que os jovens desta prisão tivessem a oportunidade de conhecer o Pontífice, mas até o último momento, temia que essa visita não fosse possível. Pois o programa da jornada era muito intenso e se o Papa Francisco nos visitasse seria quase impossível cumprir com todos os outros compromissos que tinha agendado”.
“Posteriormente, chegou uma proposta do Vaticano, para que o almoço fosse realizado no Arcebispado, porque para o Santo Padre era muito importante encontrar com os jovens detidos”, assinalou o sacerdote.
O Pe. Ricca indicou também: “Para o Papa Francisco este tipo de coisa é simbólico e demonstrar-lhes sua proximidade é algo primordial. Possivelmente um almoço seja considerado algo insignificante, mas na verdade é que tem um valor simbólico muito importante, especialmente para aqueles jovens que certamente não esperavam tal surpresa”.
Conforme informou o vice-diretor do Escritório de Imprensa da Santa Sé, Pe. Ciro Benedettini: “Os jovens têm entre 17 e 21 anos de idade. Almoçaram com eles algumas famílias humildes, uma delas era de origem romena”.
“Esta não foi a primeira vez que os jovens saíram da prisão, mas é óbvio que a saída para comer com o Santo Padre é algo mais especial”, assinalou o Pe. Ricca.
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O Pontífice chegou ao Arcebispado e o encontro durou aproximadamente uma hora. Foi recebido pela direção e pelos trabalhadores da prisão, acompanhados do Pe. Ricca. “Os jovens estavam contentes, comeram bem, também estavam impressionados. No final, quando subimos no terraço para tirar uma foto, não deixavam de me agradecer”.
A princípio, os jovens pareciam tímidos, mas pouco a pouco relaxaram e começaram a fazer perguntas ao Pontífice. “Pediram-lhe que interceda pela anistia ou pelo indulto para eles, e o Papa sorrindo me disse: ‘Agora explica para eles como funcionam estas coisas’”, explicou o Pe. Ricca.
O Santo Padre recebeu vários presentes e autografou várias fotos. As fotografias serão enviadas aos jovens detidos que não estiveram no almoço.
Deste modo, o Pe. Ricca pôde realizar um de seus sonhos. “Sou capelão desta prisão há 35 anos. Escrevi um livro, ‘A prisão é como um átrio’, que dá uma ideia de como construí minha presença na prisão, isto é, me preocupava pelos tempos, porque as coisas que fazemos agora, há 30 anos eram impensáveis”, expressou o sacerdote.
O Pe. Ricca esperou que o tempo fosse propício. Antes não havia uma capela nesta prisão, mas agora existe e esta dedicada ao Bom Pastor, e no dia de Pentecostes em 2014, um dos presos foi batizado.
Durante este ano, no dia 2 de fevereiro, o sacerdote conseguiu uma estátua de Dom Bosco e esta foi colocada no pátio da prisão. Deste modo, São João Bosco ‘retornou’ a este presídio, que em sua época era conhecido como ‘La Generala’.
Foi ali, observando estes jovens, onde o Santo se perguntou como seria a vida destes reclusos se tivessem um amigo fora da prisão, alguém que lhes ajudasse a dirigir sua vida. Desta maneira nasceu o método de prevenção de Dom Bosco, baseado numa ideia de antes formar os jovens para depois tentar recuperá-los.