O Arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani Tempesta, “não só ‘tem o cheiro das suas ovelhas’, como também vive as mesmas realidades e experiências que seu rebanho”. Foi o que destacou nota da Arquidiocese divulgada nesta segunda-feira, 6, após o prelado ser assaltado na noite de domingo, 5, a segunda vez em menos de um ano. Falando da possibilidade que os bandidos sejam menores de idade, Dom Orani afirmou que redução da maioridade penal para casos como o roubo só serviria como “pós-graduação no crime” e defendeu que os menores necessitam educação e apoio de suas famílias, antes que prisões.

"Acho que se você prendê-los eles vão fazer uma pós-graduação. Tem que recuperar com educação, de outra forma, de outra maneira, que os levem a sentir que têm valores que podem vir à tona, não só o mal", disse o Cardeal ao portal G1 de notícias.

"O que aconteceu comigo acontece com tanta gente. O fato de um ser cardeal arcebispo chama a atenção. Eu rezo para que esses jovens encontrem famílias e pessoas que os ajudem a mudar de vida e serem felizes."

Dom Orani sofreu o assalto no Viaduto de Quintino, Zona Norte da capital fluminense, enquanto retornava para casa, após se reunir com os fiéis da Paróquia Nossa Senhora da Paz, em Campo Grande, onde celebrou Missa em homenagem à Padroeira. No carro, estavam também o motorista e um casal de amigos italianos. O cardeal teve o celular e outros pertences roubados, incluindo um crucifixo de prata que ganhou de São João Paulo II.

Segundo a Arquidiocese, quatro homens fortemente armados interceptaram o veículo, anunciaram o assalto e levaram o motorista como refém. Alguns metros depois ele foi liberado, mas foram levados o carro e os pertences pessoais de todos os ocupantes. Segundo o comunicado, “apesar do susto, ninguém se feriu e todos passam bem”. O caso foi registrado na 24ª Delegacia de Polícia (DP), em Piedade. Segundo o arcebispo os agressores eram jovens. Nenhum dos depoimentos afirmam a certeza de que eram menores de idade 

Ao comunicar sobre o ocorrido, a Arquidiocese do Rio de Janeiro ressaltou como Dom Orani Tempesta em seu ministério episcopal e especificamente nesse caso se assemelha ao Bom Pastor, que “dá a vida guiando o povo cristão rumo à salvação”, conforme citação de São João Paulo II.

Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram

Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:

Além disso, a nota relembrou o discurso de posse do Arcebispo, em 2009, quando disse vir “como cristão, discípulo de Jesus Cristo, escolhido como apóstolo para anunciar o Reino de Deus a todos”. E assim, ele “busca conhecer e evangelizar todas as paróquias e realidades desta Metrópole”.

E, foi exatamente no retorno de uma de suas missões que o Cardeal se viu novamente vítima de assaltantes. Isso, após dar início na manhã de ontem à missão popular, como gesto concreto do Ano da Esperança. A nota da Arquidiocese sublinhou a preocupação de Dom Orani com as pessoas envolvidas no caso.

“Mas é importante ressaltar que a preocupação primeira de Dom Orani foi com a integridade física de todos os ocupantes do veículo e tal episódio só demonstra o quanto o Cardeal não está distante da realidade de seu povo. Ele é o bom pastor que ‘dá a vida por suas ovelhas’, aquele que ‘dá a vida guiando o povo cristão rumo à salvação’ e não só ‘tem o cheiro das suas ovelhas’, como também vive as mesmas realidades e experiências que seu rebanho”.

Por fim, fez referência a um artigo do próprio Arcebispo do Rio sobre o “Ano da Esperança”, para expressar que a esperança de Dom Orani está em Deus. “O Papa Francisco disse, em 2013, que: ‘A esperança é um dom, é um presente do Espírito Santo’. Paulo dirá que é um dom que ‘jamais decepciona’. Por quê? Porque é um dom que o Espírito Santo nos deu. E Paulo nos diz que a esperança tem um nome: Jesus. Renovemos a nossa esperança em Jesus. Ele refaz tudo e nos anima a anunciá-Lo neste mundo carente de paz e de justiça!”, diz o texto.

Em setembro de 2014, o Arcebispo do Rio passou por situação semelhante, no bairro de Santa Teresa. Na época, o Cardeal seguia de carro com o motorista, o fotógrafo e um seminarista. O assaltante recolheu anel, cordão, crucifixo, telefone do Prelado, a mochila e o paletó do motorista, a batina do seminarista e todo o equipamento fotográfico. Mas, na fuga, abandonou os objetos roubados, exceto o equipamento do fotógrafo.

Após ser reconhecido por um dos assaltantes, um menor de idade, o agressor pediu perdão ao arcebispo. Mais tarde, Dom Orani afirmou publicamente ter perdoado os infratores.