SANTA CRUZ, 10 de jul de 2015 às 17:31
O Papa Francisco, repetindo um gesto que fez há alguns anos São João Paulo II, pediu perdão pelas ofensas e pecados cometidos pelos filhos da Igreja, fazendo menção a chamada ‘conquista das Américas’ e também pediu que se recorde o testemunho de milhares de Bispos, sacerdotes e religiosas que responderam a isto com “a força da cruz”.
Assim afirmou o Santo Padre durante seu discurso aos movimentos populares que realizaram seu segundo encontro mundial na cidade de Santa Cruz na Bolívia.
Durante seu discurso, que durou aproximadamente uma hora, o Papa afirmou: “Meus antecessores reconheceram, o disse o CELAM (Conselho Episcopal Latino-americano) e também quero dizê-lo. Como meu predecessor São João Paulo II, peço que a Igreja ‘se ajoelhe diante de Deus e peça perdão pelos pecados passados e pressente cometidos pelos seus filhos’”.
“E como São João Paulo II, quero dizer-lhes: Peço humildemente perdão, não só pelas ofensas da própria Igreja, como também pelos crimes contra os povos originários durante a chamada ‘conquista da América’”.
O Santo Padre declarou ainda: “Junto a este pedido de perdão, devemos ser justos, por isso quero que recordemos também milhares de sacerdotes, Bispos, que se opuseram fortemente à lógica da espada com a força da cruz”.
“Teve pecado e foi abundante, mas por isso pedimos perdão e peço perdão, mas ali também onde abundou o pecado, superabundou a graça, através destes homens que defenderam a justiça dos povos originários”.
O Pontífice pediu ainda que se recorde tantos Bispos, sacerdotes e leigos que pregaram e continuam pregando a boa notícia de Jesus com coragem, mansidão, respeito e paz. “Meus Bispos, sacerdotes e leigos, não quero esquecer de mencionar as religiosas que anonimamente servem em nossos bairros pobres levando uma mensagem de paz e de união”.
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O Papa Francisco ressaltou o “testemunho de muitos filhos da Igreja que durante seu passo por esta vida, deixaram comovedoras obras de promoção humana e de amor, muitas vezes junto aos povos indígenas ou acompanhando os próprios movimentos populares, inclusive até o martírio”.
O Santo Padre se referiu também aos cristãos perseguidos: “Atualmente vemos com espanto como no Meio Oriente e outros lugares do mundo são perseguidos, torturados e assassinados muitos de nossos irmãos por sua fé em Jesus. Isso também devemos denunciar: dentro desta ‘terceira guerra mundial’ que vivemos, existe uma espécie de genocídio em marcha que deve acabar”.
O Pontífice ressaltou o testemunho da Virgem Maria, “uma humilde moça de um pequeno povoado perdido na periferia de um grande império, uma mãe sem teto que soube transformar um estábulo de animais na casa de Jesus com uns mantos e uma montanha de ternura”.
“Maria – disse o Santo Padre – é sinal de esperança para os povos que sofrem dores de parto até que brote a justiça. Rezo à Virgem Maria, a qual o povo boliviano se confia com fervor, para que permita que este nosso Encontro seja fermento de mudança”.
O Papa Francisco afirmou, deste modo, que “a entrega, a verdadeira entrega surge do amor a homens e mulheres, crianças e idosos, povos e comunidades… rostos e nomes que enchem o coração”.
Para concluir, o Pontífice disse: “Rezo por vocês, rezo com vocês e quero pedir-lhe a Deus, nosso Pai que os acompanhe e os abençoe, que os encha do seu amor e os defenda no caminho dando-lhes abundantemente essa força que nos mantém em pé: essa força é a esperança, a esperança que não defrauda. E, por favor, lhes peço que rezem por mim”.