BELO HORIZONTE, 13 de jul de 2015 às 16:29
O Arcebispo emérito de São Paulo e presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Cardeal Cláudio Hummes, foi enfático ao afirmar que a Igreja precisa sair para ir ao encontro das pessoas e anunciar-lhes o evangelho. “É vital que a Igreja saia para anunciar o Evangelho a todos, em todos os lugares, em todas as ocasiões. A alegria do Evangelho é para todo o povo”, disse, no sábado, 11, durante o 2º Congresso Missionário Nacional de Seminaristas.
O encontro, promovido pela Pontifícia Obras Missionárias (POM), aconteceu entre os dias 9 e 12 de julho, no auditório do Museu de Ciências Naturais da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), na Arquidiocese de Belo Horizonte. Teve como tema “O Missionário Presbítero para uma Igreja em saída” e lema, “Ide sem medo para servir”.
Em sua conferência, Dom Hummes abordou “As interpelações do Papa Francisco sobre a formação do missionário presbítero”. Aos participantes, ele indicou que é preciso ir ao povo “com coragem e sem repugnância”. E alertou que “não basta lançar a Palavra de Deus da janela da casa paroquial. É preciso sair, ir a campo. Tomar a iniciativa e ir fará você se sentir feliz”.
Segundo o Cardeal, é preciso colocar todos os agentes pastorais em constante estado de saída. “O Papa Francisco fala de uma Igreja em saída, não uma Igreja sentada em casa. Um cristão em saída, Bispos e padres em saída, seminaristas em saída. Em casa, o seminarista já fica sentado, fica gordo”, disse Dom Cláudio, provocando risadas dos congressistas.
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Dom Cláudio recordou as palavras do Papa Francisco ao ser eleito: “sonho com uma Igreja pobre para os pobres”. Ele explicou que “a reforma defendida pelo Papa é transformar a Igreja numa Igreja missionária e, consequentemente, capaz de gritar e de denunciar as injustiças”. Por isso, incentivou os presentes: “Não tenham medo ser profetas, meus caros seminaristas”, acrescentou.
O Cardeal lembrou que o Santo Padre tem chamado a atenção do mundo com seu jeito simples e próximo, mas alertou para o risco de suas palavras e testemunho ficarem sem incidência na vida da Igreja e das pessoas. “Não basta aplaudir o Papa, mas é necessário deixar interpelar-se por ele, algo tem que mudar. Se isso ainda não aconteceu, você está fazendo do Papa apenas um show”, advertiu.
Próximo de completar 81 anos, dom Cláudio falou com entusiasmo de suas visitas às várias Dioceses da Amazônia. “Quando a gente vai para a Amazônia, a gente tem que arregaçar as mangas e, quando volta, chega feliz em casa, com cheiro das ovelhas”, afirmou. Aos padres, deixou um recado: “Padre, quando estiver desanimado, saia, levante-se, vá em direção às periferias, ao povo sofrido, ouça o que ele dirá e aqueça seu coração, assim como Jesus aqueceu o coração dos discípulos de Emaús”.