Neste mês de julho, eventos voltados para a juventude marcam o calendário da Igreja no Brasil, reunindo milhares de jovens. São grandes estruturas e programações diversificadas que buscam atrair participantes e que têm em comum a proposta de evangelização. Segundo o assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB, Padre Antônio Ramos do Prado, conhecido como Padre Toninho, essas atividades “são importantes para motivação dos jovens a permanecerem na Igreja, porém, eclesialmente o evento isolado de um processo de evangelização não contribui para o engajamento dos jovens nas comunidades”.

O sacerdote considera que os jovens devem ter uma atuação na ação pastoral de sua Paróquia, pois assim, a participação nos grandes eventos passa a ter sentido celebrativo. Ele adverte ainda que há jovens que vivem de evento e evento e “isso não contribui para o amadurecimento da fé nem ajuda o sentido de pertença do jovem na sua comunidade de origem”.

Nesse sentido, Pe. Toninho destaca como algo positivo quando o jovem é engajado ou se converte nessas atividades e, a partir daí, passa a atuar na comunidade. “Assim, o evento poderá fazer crescer o número daqueles que querem seguir Cristo no trabalho com os pobres, presidiários, doentes, entre outros, da sua comunidade e depois tornar-se um grande missionário em outras fronteiras. Muitas Novas Comunidades, Movimentos, Congregações e Pastorais da Juventude já vivem essa experiência missionária dentro e fora do país”, assinala.

O Papa Francisco, muitas vezes, incentivou a juventude a ser ativos na vida da Igreja. Na viagem ao Paraguai, por exemplo, o Santo Padre exortou os jovens a fazerem bagunça e ajudarem a organizá-la. “Uma bagunça que brote por ter conhecido Jesus e saber que Deus, o qual conheci, é minha fortaleza”, disse durante encontro no domingo, 12.

Para Pe. Toninho, os grandes eventos, de certa forma, criam espaço para isso, permitindo que se mostre para a sociedade que a Igreja existe e está viva. Mas, ele explica que teologicamente, ao fazer essa exortação, o Santo Padre “está querendo dizer que os jovens precisam testemunhar verdadeiramente Jesus Cristo”.

Por isso, o assessor da juventude aponta algumas questões importantes para avaliar a participação dos jovens nos eventos na Igreja, tais como: “Concretamente, o que os jovens fazem após o evento de massa? Como se dá a sua vida de oração? Qual é a sua ação a partir das sete obras de misericórdia que o Papa Francisco recorda na sua Bula de proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia – Misericordiae Vultus?”.

Um grande evento na Igreja que tem como público alvo os jovens é a Jornada Mundial da Juventude (JMJ). E, é em torno dela que se desenham alguns dos encontros que acontecem nos próximos dias em diferentes partes do Brasil.

A Arquidiocese do Rio de Janeiro, comemorará os dois anos da JMJ2013 com "Vigílias Missionárias", marcadas para acontecer, simultaneamente, em todos os vicariatos, exceto o Leopoldina, entre os dias 25, às 22h, e 26, às 6h. Segundo o assessor espiritual do Setor Juventude, Padre Jorge Carreira, “o objetivo é promover no coração dos jovens o desejo de estarem juntos e serem Igreja, buscarem a santidade e também levarem o amor de Deus as outras pessoas”.

No Vicariato Leopoldina, acontecerá o “Joleo” (Jovens Orantes da Leopoldina), encontro organizado há 13 anos, para comemorar o Dia Nacional da Juventude. Neste ano, também fará memória à visita do Papa Francisco ao Brasil, pela JMJ, e refletirá o tema “Juventude em missão na caridade e na alegria de servir”.

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Se por um lado as memórias da JMJ 2013 incentivam os jovens, por outro, as perspectivas para a Jornada de 2016, que acontecerá em Cracóvia, na Polônia, também têm sido motivadoras. Na Arquidiocese de Olinda e Recife (PE), no próximo sábado, 18, acontecerá a terceira edição do “Bote Fé”, em preparação para a JMJ da Cracóvia. O evento será realizado a partir das 16h, na Basílica do Sagrado Coração de Jesus, e a expectativa dos organizadores é de que compareçam mais de 5 mil jovens.

“Continuamos naquele espírito da Jornada Mundial da Juventude nos preparando para a próxima. É preciso manter esse espírito de animação e compromisso com a missão. O meu desejo é ver a juventude inserida para valer na evangelização. Jovens evangelizando jovens com a sua linguagem e maneira descontraída de ser”, ressaltou o Arcebispo, Dom Fernando Saburido.

Já na Arquidiocese de Salvador (BA), haverá a Jornada de Espiritualidade Jovem, no domingo, 19. O encontro acontecerá das 8h às 17h, no auditório Dom Geraldo Majella Agnelo, na Cúria Bom Pastor, e recordará o tema proposto para a jornada deste ano, “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5,8).

A programação contará com a celebração de uma Santa Missa dedicada aos jovens, presidida pelo Bispo auxiliar Dom Gilson Andrade da Silva, além de momentos de louvor, animação e adoração ao Santíssimo Sacramento. Será organizada ainda uma mostra com stands que apresentarão os trabalhos realizados pelos movimentos e congregações arquidiocesanas.

Para Dom Gilson, “quando jovens se reúnem para um evento, envolvendo outros jovens, estamos diante de um fato que merece uma atenção particular, pois eles querem comunicar algo de si e também querem comunicar alguma coisa aos outros”.

As Novas Comunidades também buscam alcançar os jovens por meio de suas ações. Em Cachoeira Paulista (SP), tem início nesta quarta-feira, 15, e segue até domingo, 19, a 17ª edição do Acampamento PHN – Por Hoje Não!, da Canção Nova. São aguardadas 150 mil pessoas para os cinco dias deste que é considerado o maior acampamento católico para jovens.

Em Fortaleza (CE), o festival Hallelluya, promovido pela Comunidade Shalom, chega à sua 19ª edição, entre os dias 22 e 26 de julho, no Condomínio Espiritual Uirapuru (CEU). Conhecido como “a festa que nunca acaba”, possuirá sete espaços temáticos em uma área de 80 mil m² e deve receber de 200 a 300 mil pessoas por noite nos cinco dias.

No lançamento do Hallelluya 2015, em junho, o fundador da Comunidade Shalom, Moysés Azevedo, esteve presente e destacou a importância da audácia e da criatividade na evangelização dos jovens. “A parresia do Halleluya a cada ano se reinventa com linguagem própria à luz do Espírito Santo e é fruto de um povo que se une para evangelizar”, disse.