VATICANO, 27 de jul de 2015 às 12:30
Em sua mensagem para a jornada que a Igreja da Inglaterra e País de Gales celebrou no domingo, 26, sobre o tema “Cultivar a vida, aceitar a morte”, o Papa Francisco denunciou a “falsa compaixão” por detrás da promoção da eutanásia e do aborto, e assegurou que quem promove estas práticas tem o comportamento dos mafiosos.
Os promotores do aborto e da eutanásia, observou, pensam desta maneira: “existe um problema, eliminemo-lo”.
O texto também fala de outros atentados à vida como “a praga do aborto”, a desnutrição e o terrorismo.
O Pontífice assegurou que “não é progressista pretender resolver os problemas eliminando uma vida humana”, pois esta é a forma de atuar “dos mafiosos: existe um problema, eliminemo-lo”.
Pelo contrário, devemos “cuidar da pessoa, sobretudo quando sofre, é débil ou indefesa”.
O Santo Padre denunciou uma “eutanásia encoberta” e destacou que “cada idoso, embora doente ou no final dos seus dias, leva em si o rosto de Cristo.
A vida humana é sempre “inviolável”, e “não há uma vida qualitativamente mais significativa que outra”, disse o Papa.
Em seguida, criticou que “o pensamento dominante propõe uma falsa compaixão, que considera ‘um ato de dignidade’ a prática da eutanásia”.
A opção da Igreja é “por aqueles que a sociedade descarta e elimina”. Entre eles, enfatizou, “estão também as crianças por nascer, que são as mais indefesas e inocentes de todos, as quais hoje se quer negar a dignidade humana a fim de poder fazer o que desejam, tirando-lhes a vida e promovendo leis de modo que ninguém possa impedir”, indicou o Pontífice.
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O Santo Padre advertiu ainda que “não é uma conquista científica ‘produzir’ um filho, considerado como um direito, em vez de acolhê-lo como um dom; ou usar vidas humanas como objeto de laboratório para supostamente salvar outras”.
“A fidelidade ao Evangelho da vida, às vezes, requer escolhas corajosas e contra a corrente que, em certas circunstâncias, podem chegar à objeção de consciência”.
A defesa da vida não é “um problema religioso”, como pretendem alguns, mas “um problema científico, porque ali existe uma vida humana”, precisou o Papa.
O aborto e a eutanásia não são uma questão de modernidade, explicou, porque “no pensamento antigo e no pensamento moderno, a palavra matar tem o mesmo significado!”
“O grau de progresso de uma civilização se mede justamente pela capacidade de proteger a vida, sobretudo nas fases mais frágeis”, assinalou.
O Pontífice assegurou que “a praga do aborto é um atentado à vida. É um atentado à vida deixar morrer nossos irmãos nas barcaças no canal da Sicília. É um atentado à vida a morte no trabalho, porque não se respeitam as mínimas condições de segurança. É um atentado à vida a morte por desnutrição. É um atentado à vida o terrorismo, a guerra, a violência; mas também o é a eutanásia. Amar a vida é sempre ocupar-se do outro, desejar o seu bem, guardar e respeitar a sua dignidade transcendente”.
No final da sua mensagem à Igreja da Inglaterra e Gales, o Santo Padre concedeu sua benção apostólica “a todas as pessoas que participam deste importante evento e aos que trabalham, de diferentes modos, pela promoção da dignidade de toda pessoa humana desde o momento da sua concepção até sua morte natural”.
A mensagem foi enviada ao núncio apostólico na Grã-Bretanha, Dom Antonio Mennini, através do bispo encarregado pela jornada, Dom John Sherrington, bispo auxiliar de Westminster (Inglaterra).
O tema escolhido para esta edição da Jornada pela Vida está dentro do contexto da campanha de sensibilização organizada pelos Bispos ingleses e galeses, com vistas ao debate e ao voto da Câmara a respeito do projeto de lei sobre o suicídio assistido ou eutanásia, prevista para o próximo dia 11 de setembro.