Vaticano, 12 de ago de 2015 às 12:26
O Papa Francisco iniciou nesta quarta-feira, 12, um novo ciclo de catequeses, mas ainda no contexto da família. Nas próximas semanas, o Pontífice aborda três dimensões que articulam o ritmo da vida familiar: a festa, o trabalho e a oração. Hoje, aos mais de 7 mil fiéis na sala Paulo VI, ele refletiu sobre a festa, “uma invenção de Deus”.
Referindo-se ao livro do Gênesis, Francisco lembrou que “Deus nos ensina sobre a importância de dedicar um tempo para contemplar e usufruir daquilo que, no trabalho, foi bem realizado”. Mas, ressaltou que, neste caso, trabalho não se refere apenas ao ofício ou profissão, e sim a “toda ação com a qual nós homens e mulheres podemos colaborar com a obra criadora de Deus”.
O Santo Padre alertou que a festa não é sinônimo de preguiça, mas, “antes de tudo, um olhar amoroso e de gratidão sobre o trabalho desenvolvido”.
“É tempo para olhar aos filhos, aos netos, que estão crescendo e pensar: que lindo! É tempo para ver a nossa casa, os amigos que recebemos, a comunidade que nos circunda, e pensar: que coisa boa! Deus fez assim. E continuamente o faz, porque Deus cria sempre, até neste momento”, expressou.
Entretanto, Francisco ressaltou que, às vezes, a festa pode chegar em circunstâncias difíceis ou dolorosas. Segundo ele, nesses momentos, é preciso pedir a Deus a força para não a esvaziar completamente.
O Papa sugeriu também que o momento de festa deve ser vivido no ambiente de trabalho, a fim de comemorar aniversários, casamentos, nascimentos ou a chegada de novos colegas. “É importante fazer festa. São momentos de familiaridade na engrenagem da máquina produtiva: nos faz bem!”, aconselhou.
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Contudo, defendeu que “o verdadeiro tempo da festa suspende o trabalho profissional, e é sagrado”. Isso, de acordo com o Pontífice, “recorda ao homem e à mulher que são feitos à imagem de Deus, o qual não é escravo do trabalho, mas Senhor”.
“Há um mandamento para isso, um mandamento que envolve a todos, ninguém fica de fora! Porém, sabemos que existem milhões de homens e mulheres e até mesmo crianças que são escravos do trabalho. Isso vai contra Deus e contra a dignidade da pessoa humana”, advertiu.
Francisco chamou atenção ainda sobre a obsessão pelo lucro econômico e pela eficiência do modelo tecnocrático, que pode colocar em risco os ritmos humanos da vida.
“O tempo do repouso, sobretudo aquele dominical, é destinado a nós para que possamos usufruir daquilo que não se produz e não se consome, não se compra e não se vende”. No entanto, “vemos que a ideologia do ganho e do consumo quer ‘abocanhar’ também a festa: esta também, às vezes, é reduzida a um ‘negócio’, a um modo para ganhar dinheiro e gastá-lo”, observou.
Por fim, o Papa afirmou que a festa é sagrada porque nele Deus está presente de maneira especial. Ele sublinhou que que a Eucaristia dominical “concede à festa toda a graça de Jesus Cristo: a sua presença, o seu amor, o seu sacrifício, o seu fazer-se comunidade, o seu estar conosco... E, assim, todas as realidades recebem um sentido pleno: o trabalho, a família, as alegrias e as fatigas cotidianas, tudo é transfigurado pela graça de Cristo”.
A família, destacou o Pontífice, é dotada de uma grande competência para entender, orientar e apoiar o autêntico valor do tempo da festa. “A festa é um precioso presente de Deus à família humana: não a estraguemos”.