MANÁGUA, 18 de jun de 2004 às 16:19
O Bispo Auxiliar de Manágua, Dom Jorge Solórzano, denunciou o Governo do presidente Enrique Bolaños por diversos “atropelos” contra o Cardeal Miguel Obando Bravo e por pressionar economicamente os meis locais para censurá-lo e não destacar as obras da Igreja no país.
O Prelado explicou que “temos informes fidedignos de que em troca de pautas de publicidade estatal, o Governo exige de alguns meios de comunicação locais que censurem o Cardeal e não destaquem os trabalhos da Igreja”.
“Me dizia uma fonte muito segura, que o Governo deu a ordem a todos os meios de comunicação, onde há publicidade, de não publicar nem deixar sair nada sobre a Igreja Católica, principalmente de Sua Eminência”, acrescentou o Bispo.
“Nos preocupa essa situação porque nunca havia ocorrido antes nem em tempos da ditadura somocista, nem durante o sandinismo”, expressou o Bispo e acrescentou que esta manipulação chega “a todos os meios: televisão, rádio e imprensa escrita”.
Dom Solórzano classificou também como um “atropelo” o impedimento que recebeu o Cardeal de visitar na prisão o ex-presidente Arnoldo Alemán, condenado a 20 anos de cárcere por fraude ao Estado. “A visita ao ex-presidente no cárcere era um ato mais de caridade do Cardeal”, assegurou.
Mais adiante, o Prelado lembrou como “outro ato de atropelo ao Cardeal, o fato de que há alguns meses as autoridades de migração o impediram de sair do país alegando que tinha problemas de visto”.
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“As coisas estão aumentando um pouco mais com este incidente, com esse atropelo à figura de Sua Eminência, impedindo que a Igreja cumpra a missão”, acrescentou o Bispo.
Também a Conferência Episcopal Nicaragüense (CEN) publicou um comunicado onde se solidarizou com o Cardeal Obando e lamentou “que se pretenda desacreditar a imagem e credibilidade da Igreja Católica mediante a triste arma de manipular a verdade”.
Por sua vez, o Bispo de Estelí, Dom Abelardo Mata, reprovou o Governo “pela insensibilidade humana de gente que se move nas esferas do poder” e afirmou que “quem tem a responsabilidade de Governo na nação abandona o país, gastando os poucos recursos do povo em viagens que não contribuem en nada para a saúde econômica do povo”.
De outro lado, o porta-voz da Casa Presidencial, Ariel Montoya, negou que o Governo esteja usando “seu escasso orçamento” para dar publicidade a “certos” meios de comunicação em troca de censurar a Igreja Católica.