Hoje, a Igreja celebra a memória litúrgica de São Bernardo Claraval. Foi pregador, místico, escritor, fundador de mosteiros, abade, conselheiro de papas, reis, bispos e também polemista político e tenaz pacificador. Era especialmente devoto da Virgem Maria, a quem direcionou a exclamação “Ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria”, que hoje é recitada na oração Salve Rainha.

Ao referir-se a este santo em 2009, o Papa Bento XVI ressaltou que os ensinamentos deste Doutor da Igreja do século XII ”se revelam úteis para nosso tempo”. De acordo com ele, sua “dedicação ao silêncio e à contemplação não impediram de realizar uma intensa atividade apostólica”.

Nascido no Castelo de Fontaine em 1094, perto de Dijon (França), pertencia a uma família nobre, a qual se assustou com sua decisão radical de seguir Jesus como monge cisterciense, depois da morte de sua mãe. Mas, com sua determinação, não só foi para o mosteiro, como também levou consigo o pai, os irmãos, primos e vários amigos.

A contribuição de Bernardo para Ordem de Cister foi tão grande magnitude que ele passou a ser considerado o seu segundo fundador. Quando ingressou, em 1113, havia somente 20 membros e um mosteiro. Dois anos mais tarde, foi enviado para fundar outro na cidade de Claraval, do qual foi eleito abade, ficando na direção por 38 anos.

Com o tempo, a ordem passou a contar com 165 mosteiros, tendo Bernardo, sozinho, fundado 78. Mais de 700 religiosos professaram votos, em suas mãos.

Foi um período de abundante florescimento da Ordem, que passou a contar com 165 mosteiros. Bernardo, sozinho, fundou 78 e, em suas mãos, mais de 700 religiosos professaram os votos. Quando Bernardo faleceu, havia 700 monges em Claraval.

Em princípios do ano 1142, fundou-se na Irlanda o primeiro convento cisterciense. Os monges procediam de Claraval, para onde São Malaquias os tinha enviado a fim de se formarem sob a direção de São Bernardo. Dezoito meses depois, subiu ao trono pontifício o abade do mosteiro cisterciense do Tre Fontane, Eugênio III, que não era outro senão Bernardo de Pisa, a quem São Bernardo tinha conduzido ao noviciado.

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A fama das qualidades e poderes do santo eram tão grandes que os príncipes iam a seu juízo e os bispos lhe consultavam os assuntos mais importantes da Igreja e se atinham com respeito a suas opiniões e decisões. Seu conselho era para os Papas um dos principais apoios da Igreja. Chegou a chamar-se o “oráculo da cristandade”, porque Bernardo não era unicamente um fundador de mosteiros, um teólogo e um pregador, mas também um reformador e um "cruzado".

No Natal de 1144, os turcos selyukidas se apoderaram de Edesa, um dos quatro principados do reino latino de Jerusalém. Os cristãos pediram auxílio a Europa. Eugênio III encarregou então a São Bernardo pregar uma Cruzada. O fracasso desta levantou uma tempestade contra São Bernardo, que tinha se mostrado seguro do triunfo.

São Bernardo também é conhecido por sua grande devoção à Virgem Maria. Foi um dos primeiros a chama-la de “Nossa Senhora”. Segundo a tradição, certa vez, ao escutar seus irmãos cantarem a Salve Regina, seu coração irrompeu em êxtase, ao que surgiu a tríplice exclamação que hoje coroa esta oração: “Ó clemente, ó piedosa, ó doce sempre Virgem Maria!”.

O santo foi ainda um dos primeiros apóstolos da mediação universal de Maria Santíssima. “Porque éramos indignos de receber qualquer coisa, foi-nos dada Maria para, por meio dela, obtermos tudo quanto necessitamos. Quis Deus que nós nada recebamos sem haver passado antes pelas mãos de Maria”.

Bernardo morreu em 21 de agosto de 1153, tinha então 73 anos. Foi canonizado em 1174 e proclamado Doutor da Igreja, o “Doutor Melífluo”, em 1830, porque a unção de suas exortações levava todos a afirmar que seus lábios destilavam puríssimo mel.

São Bernardo “levou sobre os ombros o século XII e não pôde menos que sofrer sob esse peso enorme”. Em vida foi o “oráculo"” da Igreja, reformador da disciplina e depois de sua morte deixou um vasto legado de escritos que serviu para vigorar a Igreja.