Roma, 31 de ago de 2015 às 18:00
O cardeal Conakry Robert Sarah natural da Guiné, atualmente Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, decidiu estar em Benin, um dos países da África, sua terra natal, durante os dias nos quais o seu livro-entrevista “Deus ou nada” será apresentado na capital italiana.
“Tenho uma confiança absoluta na cultura africana, tenho uma fé absoluta na fé africana e estou seguro de que a África salvará a família, a África salvará a Igreja. África salvou a Sagrada Família (NDR: quando fugiram ao Egito) e atualmente salvará também a família humana”, afirmou o Cardeal em declarações ao jornal ‘La Croix’ de Benin no último dia 19 de agosto, durante sua visita por ocasião da peregrinação nacional Mariana de Dassa-Zoumè.
“Dieu ou rien” é o nome original do livro no qual aparece a longa entrevista realizada pelo jornalista francês Nicolas Diat, quem também escreveu um livro sobre Bento XVI.
Os temas do livro são variados e não excluem alguns assuntos polêmicos, como por exemplo os abusos sexuais de alguns membros do clero e a enérgica e decisiva reação de João Paulo II, Bento XVI e Francisco com sua política de tolerância zero; além das grandes perguntas do mundo pós-moderno que vive longe de Deus.
Algumas páginas também mencionam assuntos relacionados à política. “A democracia é uma invenção do cristianismo? Incontestavelmente existe uma concepção cristã da igualdade entre os homens”, afirmou o cardeal e precisou: “Uma democracia que colabora ao desenvolvimento integral do homem não pode subsistir sem Deus”.
A respeito dos divorciados que se casaram novamente, o Cardeal Sarah assinalou: “Estão em uma situação que desobedece objetivamente a lei de Deus”. Em relação ao tema da família, dedica um capítulo inteiro intitulado “As pedras angulares e os falsos valores”, no qual menciona diversos desafios pastorais como a defesa da vida, do matrimônio e da santidade da instituição familiar.
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Em seguida, o cardeal ressaltou sobre a ideologia de gênero: “Não vejo nenhum progresso possível para tal fraude. Minha preocupação se refere ao fato de que alguns estados e organizações internacionais queiram impor de qualquer modo, às vezes de modo forçado, esta filosofia”.
O Cardeal Sarah foi ordenado sacerdote em 1969 e consagrado Bispo em 1979, convertendo-se no Bispo mais jovem do mundo. No ano 2001, foi convocado à Roma pelo Papa João Paulo II para servir como Secretário da Evangelização dos Povos.
Bento XVI o nomeou presidente do Pontifício Conselho Cor Unum em 2010 e em 2014 o Papa Francisco o nomeou Presidente do dicastério vaticano encarregado da Liturgia.
O Cardeal comentou ainda que a figura do Papa Pio XII é próxima, pois uma das ações feitas por ele na África foi a instituição dos sacerdotes Fidei donum, através da qual uma das suas missões é servir nos países onde a Igreja é mais jovem no continente africano.
Quando Nicolás Diat lhe pede para “resumir” a eternidade em três palavras, o Cardeal responde com simplicidade: “a vida, o amor e a comunhão”.