Roma, 3 de set de 2015 às 09:00
O Papa Emérito Bento XVI explicou que a Palavra de Deus liberta os fiéis da falta de memória em um mundo que já nem sequer pensa n’Ele.
Assim indicou durante a homilia da Missa que presidiu no último domingo, 30 de agosto, no encontro anual com seus antigos alunos, conhecidos como os Ratzinger Schuelerkreis, na capela do Cemitério Teutônico, no Vaticano.
“A verdade, o amor e a bondade que vêm de Deus tornam o homem puro; e a verdade, o amor e a bondade encontramos através da Palavra, a qual nos liberta do 'esquecimento' em um mundo que já não pensa em Deus”, expressou o Papa Emérito.
Durante sua homilia, Bento XVI recordou que há três anos o grupo escutou a mesma passagem do Evangelho de São Marcos e que o Cardeal Christoph Schonborn lhes perguntou: "Não deveríamos ser purificados do exterior e não somente do interior? O mal provém exclusivamente do interior ou do exterior?".
O Papa Emérito considerou esta pergunta muito interessante e decidiu respondê-la nesta homilia, indicando que a resposta está no Evangelho.
Em seguida, perguntou se o mal que ataca a Igreja provém do mundo e sugeriu: “Poderíamos dizer que podemos combater com uma limpeza exterior as doenças e epidemias que nos ameaçam”.
Do mesmo modo, assinalou que esta atitude é necessária para evitar a morte, mas também que esta é insuficiente porque “a epidemia do coração” é interior e esta doença “nos leva a corrupção e a outras imundícies, essas que levam os homens a pensar somente em si mesmo e não no bem”.
“O que torna um homem puro? Qual é a verdadeira força para a purificação? Como alcançamos a pureza do coração?”, perguntou Bento XVI.
“A Palavra de Deus vale muito mais que as palavras, pois através delas encontramos a Palavra de Deus e o próprio Deus. A Palavra é o mesmo Jesus Cristo, nós encontramos a Palavra nos que refletem a Deus, através daqueles que nos mostram seu rosto e sua simplicidade, sua ternura e sinceridade”, assegurou.
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“Que o Senhor nos conceda sua ‘limpeza de coração’ através da Verdade, que vem de Deus: esta é a força da purificação”, concluiu.
Embora Bento XVI não estivesse presente durante o debate, ele está, em certo modo, “sempre presente entre nós, assim como estamos em seus passos, e porque ele é quem escolhe o tema de discussão para nossas reuniões anuais”, declarou o Pe. Stephan Horn, organizador dos encontros, ao grupo ACI. Horn acrescentou que o Papa Emérito “estava muito lúcido e falou um momento com cada um de nós”.
O tema de discussão entre os Schuelerkreis foi “falar sobre Deus no mundo contemporâneo”.
Os Schuelerkreis se encontraram este ano em Castel Gandolfo, a residência de verão dos Papas, nos dias 28 e 29 de agosto e foram dirigidos por Dom Toma Hali, sacerdote e filósofo tcheco que colaborou no diálogo com os não crentes. No dia 30, o grupo se dirigiu ao Vaticano para participar da Missa com Bento XVI.
Em declarações ao Grupo ACI, Dom Halik manifestou que estava “particularmente impressionado pelo ramo juvenil do Schuelerkreis: por meio deles vejo o espírito do jovem Ratzinger”.
Depois da Missa com o Bento XVI, houve uma cerimônia de inauguração da Sala Papa Bento. Anunciaram que o Colégio Teutônico inaugura em novembro uma biblioteca dedicada ao Supremo Pontífice Emérito, financiada pela Fundação Ratzinger.
O Papa Emérito se dirigiu a um grupo de 70 pessoas: seu antigo círculo de alunos, os Schuelerkreis, e um grupo de jovens estudantes que analisaram seu trabalho depois de sua consagração como Bispo.
Os Ratzinger Schuelerkreis se reúnem anualmente desde 1978, logo depois de que seu mentor foi nomeado Bispo, para discutir temas sobre teologia e a vida da Igreja.
Joseph Ratzinger participou dos encontros com os Schuelerkreis até sua renúncia ao pontificado. Após sua renúncia, ele somente preside a Missa de clausura do encontro.