Após a tragédia que comoveu o Brasil, na qual dois homens terminaram mortos na escadaria da Catedral da Sé em São Paulo (SP), o Arcebispo da capital paulista, Cardeal Odilo Pedro Scherer pediu que ninguém deixe de frequentar esta igreja por medo da violência e assegura que a igreja não vai fechar suas portas durante o dia.

Na sexta-feira, 4, Luiz Antônio da Silva, 49 anos, armado com um revólver, tomou como refém a jovem Elenilza Mariana de Oliveira Martins, 25 anos. Nas escadas da Catedral, o morador de rua Francisco Erasmo Rodrigues de Lima, 61 anos, se aproximou e se jogou em cima do criminoso, permitindo que a refém escapasse. O morador de rua, porém, foi baleado por Luiz Antônio e este foi atingido por disparos de policiais. Ambos morreram no local.

No sábado, 5, o Arcebispo de São Paulo fez uma oração na escadaria da Igreja pelos dois homens mortos e, em seguida, presidiu a Missa pelo aniversário da Dedicação da Catedral a Nossa Senhora da Assunção.

Depois de rezar com fiéis por Francisco de Lima e Luiz Antônio da Silva, Dom Odilo declarou ao jornal O Estado de S. Paulo que fatos como o que aconteceu na sexta-feira “podem ocorrer em qualquer lugar”.

“As pessoas podem ser levadas a ligar a violência da região da praça da Sé à Catedral, mas isso não seria correto, pois o interior do templo é um lugar tranquilo e conta com uma vigilância atenta para proteger seus frequentadores”, disse ao jornal, ressaltando que as portas da Igreja “continuarão abertas para todos aqueles que vêm aqui em busca de misericórdia e perdão”.

O purpurado destacou que já há um esquema de segurança no local, por parte das autoridades, mas assinalou que a Arquidiocese poderá propor melhorias para a vigilância da praça da Sé.

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Segundo Dom Odilo, os seguranças da Catedral “perceberam uma situação de conflito entre um homem e uma mulher dentro da Igreja, mas ninguém podia imaginar que a mulher fosse, em seguida, sofrer violência na escadaria”.

Sobre a situação do morador de rua, o Arcebispo ressaltou que pessoas que vivem nesta condição são presença constante na Catedral. Ao jornal, Dom Odilo contou que eles costumam ir à igreja “para rezar, descansar e até mesmo para tirar uma soneca”. Além disso, diz que, frequentemente, são convidados para celebrações feitas especialmente para eles. “O Reino de Deus é a boa nova para os pobres e a frequência do templo deve manifestar isso”, declarou.

O cura da Catedral Metropolitana, Padre Luiz Eduardo Baronto, manifestou, por meio de nota publicada no sábado, 5, pesar pelo duplo homicídio ocorrido nas escadarias do templo.

“O triste acontecimento nos fala de modo trágico de como a violência não é solução para resolver situações de conflito, quaisquer que elas sejam”, afirma.

A Catedral, diz o sacerdote, “é casa de Deus para todos os que buscam a reconciliação e a paz e estará sempre de portas abertas para o encontro com Deus, a oração, o perdão dos pecados e a súplica pela paz”.

“Na Catedral, rezamos em sufrágio dos que perdem a vida nas tragédias e violências de todos os dias e convidamos todos a suplicar a Deus para que a paz se restabeleça em nossa cidade e cenas como essa não venham a se repetir”, conclui.