O Bispo de Camaçari (BA), Dom João Carlos Petrini, declarou, em recente artigo, que as famílias têm enfrentado muitos desafios atualmente. De acordo com ele, alguns desses “são tão relevantes que podem alterar suas características essenciais, até comprometer a sua existência”.

Dom Petrini é ex-presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Ele participará da XIV Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos, entre os dias 4 e 25 de outubro, no Vaticano, que terá como tema “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”.

No artigo intitulado O desafio da família cristã no Brasil, o Bispo sublinha que “a realização de dois Sínodos tendo como tema a Família, à distância de um ano, indica que o Papa Francisco e toda a Igreja consideram a família um tema decisivo para o crescimento das pessoas, o fortalecimento da Igreja e a construção de uma convivência social mais humana, solidária e fraterna, para que tenhamos uma sociedade de paz”.

O Prelado, então, lança um olhar sobre os problemas contemporâneos que confrontam as famílias e observa que não se trata mais de discussões sobre o uso de pílula anticoncepcional ou o divórcio.

Dom Petrini destaca que, hoje em dia, os questionamentos que vão de encontro à família são tais como: “o que significa ser homem, ser mulher e por que não decidir o próprio gênero de modo autônomo e livre de condicionamentos biológicos e sociais? Não será melhor desfazer todos os vínculos que nos impedem de sermos livres para novas formas de realização que poderão aparecer no horizonte? É mesmo verdade que a maternidade e a paternidade são essenciais à realização humana? Ou não será isto uma imposição da cultura originada no passado e da qual hoje podemos nos libertar?”.

Diante disso, constata que “cabe à Igreja apresentar o Evangelho da Família, isto é, o bem que a família é para as pessoas que nela vivem e pra toda a sociedade”.

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O Bispo explica que a família é “fundada no vínculo indissolúvel do matrimônio, constituída por um homem e uma mulher e por eventuais filhos”. Segundo ele este é o melhor modo de viver o amor humano, “porque corresponde ao desígnio de Deus” e, além disso, “constitui o bem mais decisivo para que a sociedade cresça na paz”.

Neste sentido, recorda a exortação apostólica Familiaris Consortio, de São João Paulo II, ao afirmar que “o futuro da humanidade passa através da família”.

“Em seguida – completa o Bispo – cabe cuidar das feridas que são provocadas quando o amor humano é vivido de maneira precária e parcial”.

Como resposta a essa realidade, Dom Petrini indica a necessidade de apresentar “às novas gerações as razões, a conveniência do matrimônio e da família”, o que ele chama de um “novo começo”. O Bispo justifica que isso é preciso “porque significados, às vezes considerados claros e dados por óbvios, na realidade são desconhecidos pela cultura contemporânea ou gravemente deformados”.

Ele conclui destacando que a família é o bem maior para a sociedade. “Nascer, amar, gerar, trabalhar, adoecer, envelhecer, morrer são ações ou processos que podem ser vividos em quaisquer circunstâncias, mas encontram seu significado mais adequado quando realizados no contexto das relações familiares”, declara.