VATICANO, 14 de out de 2015 às 17:00
Diversos participantes do Sínodo dos Bispos sobre a Família, que acontece no Vaticano entre os dias 4 e 25 de outubro, concordaram em solicitar um texto do Magistério, o qual permita uma melhor compreensão dos desafios enfrentados pela família, de maneira específica em relação à segunda parte do documento de trabalho intitulado “O discernimento da vocação familiar”.
O pedido dos bispos aconteceu exatamente quando o Sínodo está na metade do seu desenvolvimento e quando os prelados iniciaram os trabalhos sobre a terceira e a mais extensa parte do documento de trabalho ou Instrumentum Laboris – a qual continua recebendo diversas críticas –, que tem como tema a missão da família.
Os bispos, reunidos em distintos grupos por idiomas ou círculos menores, expressaram suas preocupações e contribuíram na elaboração dos documentos parciais divulgados hoje em seus respectivos idiomas, sem traduções. Na semana passada foram no total treze documentos em inglês, italiano, francês, espanhol e alemão.
O grupo italiano B afirma em seu relatório que “dado que o Sínodo poderá dificilmente responder à exigência de ordenar em um documento exaustivo a complexa e diversificada doutrina acerca do matrimônio e da família, emerge a necessidade, de uma parte, de solicitar um documento do Magistério que possa responder a esta exigência, e de outra parte, o esforço a fim de verificar os desenvolvimentos pastorais sobre esta temática”.
O grupo C, em francês, propôs além disso uma nova introdução para a segunda parte do documento de trabalho, pois consideram que o texto não é adequado para apresentar em chave bíblica e teológica o matrimônio cristão.
Por outro lado, o moderador do grupo B em francês, Cardeal Robert Sarah, afirmou que “o anúncio do Evangelho da Família atualmente necessita uma intervenção do Magistério que possa ser coerente e que possa simplificar a atual doutrina canônica teológica sobre o matrimônio”.
Críticas ao documento de trabalho
Como aconteceu com os relatórios dos 13 círculos menores, no final da primeira semana de trabalhos, também existe uma série de críticas em relação ao texto com o qual refletem os prelados nesta segunda semana do Sínodo.
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O grupo A, em francês, indicou que “esta parte não está suficientemente fundada nas Sagradas Escrituras. Pedimos que, de acordo com o ensinamento do (documento do Concílio Vaticano II sobre a revelação divina) Dei Verbum, o que afirmam esteja bem sustentado na Palavra de Deus”.
O círculo A, em italiano, reitera esta preocupação e assinala que “é necessário enriquecer o texto com um maior perfil bíblico e patrístico, assim como a necessidade de apresentar nesta parte a Igreja como Professora e Mãe, portadora de um anúncio que dá Esperança”.
Por outro lado, o grupo A em espanhol ressalta que “é necessário uma definição de família como (o documento do Vaticano II) a Gaudium et Spes No. 52 ou outros documentos, como por exemplo a Famliaris Consortio”, de São João Paulo II. Este círculo menor advertiu ainda que “existe certa desordem na colocação dos títulos e é difícil compreender a lógica do relatório”, isto é, do documento.
Nessa mesma linha, o grupo D em inglês indicou que “em lugar algum o Instrumentum Laboris define o matrimônio. Este é um grave defeito, pois gera ambiguidade em todo o texto. Muitos bispos consideram que o documento deve adicionar a definição do matrimônio do (Concílio) Vaticano II”, especialmente a definição que está no documento Gaudium et Spes.
O grupo B em espanhol reconhece que existem aspectos positivos no documento de trabalho, mas alertou que “primeiramente vemos que falta uma conexão direta com a primeira parte e, em segundo lugar, tratam de muitos aspectos sem uma conexão mais orgânica e lógica dos assuntos tratados”.
Durante a coletiva realizada hoje na Sala de Imprensa do Vaticano, o Arcebispo de Westminster (Inglaterra), Cardeal Vincent Nichols, explicou que o documento de trabalho nesta segunda parte “necessita reestruturação e melhorar o seu marco teológico”.
O grupo A em inglês mencionou as “limitações de um documento que será aprovado no final deste Sínodo” que seriam, entre outras, o fato de que o texto final seja apresentado somente em italiano e muitos bispos não conhecem esta língua, portanto, votarão em um texto sem entender plenamente o que está escrito.