O Sínodo dos Bispos sobre a Família está na metade do seu desenvolvimento e diversos meios de comunicação publicam notícias acerca de um suposto enfrentamento entre “conservadores” e “liberais”. Qual é a realidade? Como é o ambiente no interior da Sala do Sínodo e nos grupos de trabalho por idiomas?

Durante a coletiva de imprensa realizada ontem à tarde na Sala de Imprensa do Vaticano, o Cardeal africano Philippe Ouedraogo (Burkina Faso) esclareceu este suposto conflito. O Cardeal comentou que “não parece que exista um debate entre conservadores e liberais. Recordo quando o Papa São João XXIII dizia que o Evangelho não muda. O que pode mudar é a sua compreensão, seu ‘aggiornamento’”.

O Cardeal explicou que os bispos africanos, os quais os meios seculares normalmente apresentam como “inimigos” dos “liberais”, não chegaram ao Sínodo a fim de impor seus valores culturais, “mas para contemplar Jesus Cristo, a fim de iluminar com a perspectiva da fé a família e o matrimônio desejado por Deus”.

Em relação a este tema, o Arcebispo de Westminster (Inglaterra), Cardeal Vincent Nichols, disse que “há muita alegria durante o Sínodo. É verdade que existem diferentes opiniões, mas somos uma família e em uma família existem distintas opiniões”.

Em seguida, o Cardeal inglês disse, citando as palavras do Papa, “que não devemos guiar-nos por uma hermenêutica de conflito. Não estamos assim durante o Sínodo”.

O Cardeal explicou também que o ambiente do Sínodo está marcado pela vontade de continuar analisando os temas complicados e “não existe um ambiente de negatividade”.

Por sua parte, o Arcebispo de Bogotá (Colômbia) e Presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), Cardeal Rubén Salazar Gómez, disse que os trabalhos no Sínodo não buscam “contrapor teorias ou ideologias, mas contemplar o rosto misericordioso do Pai”.

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Continuou: “O que une pessoas de diferentes lugares e culturas, o que faz com que possam chegar a um acordo e ter um só coração, é a presença do Senhor ressuscitado”.

O Cardeal Salazar recordou ainda que “o cristianismo não é uma ideologia, mas o encontro com uma pessoa, Cristo. Isso é o que permite que a partir de diversas situações possamos chegar a um acordo” acerca dos diferentes temas relacionados à família. E acrescentou que, “até este momento, tivemos um ambiente de fraternidade e grande liberdade. Existem diferenças, mas o que predomina é o desejo de querer mostrar a beleza da doutrina da Igreja sobre a família”.

Por sua parte, em declarações ao Grupo ACI, o então Arcebispo de Guayaquil (Equador), Dom Antonio Arregui, afirmou que “o clima de trabalho (no Sínodo), ao contrário do que transmitem alguns meios de comunicação social, é muito fraterno e confiável”.

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