REDAÇÃO CENTRAL, 30 de out de 2015 às 11:00
O governo da República Popular da China anunciou ontem que, depois de 35 anos, abolirá sua controversa política do filho único, a qual causou mais de 400 milhões de abortos forçados sob o regime comunista.
Conforme informou a agência de notícias oficial da China ‘Xinhua’ no dia 27 de outubro, o Comitê Central do Partido Comunista determinou a “implementação total” de uma nova política, a qual estabelece que “um casal poderia ter até dois filhos”.
O propósito desta nova medida, segundo explicou a agência do governo, seria “melhorar a estratégia de desenvolvimento populacional”, assim como “realizar ações para combater o envelhecimento populacional”.
Por sua parte, Steve Mosher, um dos maiores investigadores e críticos da política do filho único da China, relatou em uma ocasião, que as mães “choravam pedindo misericórdia e rogando pelos seus filhos prestes a morrer ou faleciam diante dos seus olhos apenas recém-nascidos”.
Em um texto publicado ontem, 29, Mosher, atual presidente do Population Research Institute (PRI), assinalou que o governo chinês está se afastando “dos limites de nascimento draconianos”, mas “não porque as principais autoridades do Partido (Comunista) tenham desenvolvido repentinamente uma consciência”.
Pelo contrário, indicou, o que aconteceu com o governo chinês é que “finalmente perceberam que uma força trabalhista que diminui e uma população que envelhece rapidamente estão paralisando o futuro crescimento econômico”.
Baseado nas cifras e projeções econômicas, assinalou, a “China está envelhecendo antes de enriquecer-se, e as pressões sobre os novos programas de pensões na China serão enormes”.
O governo chinês, “reconhece que agora deve deixar de restringir o nascimento de crianças e começar a exortá-lo o mais rápido possível”, mas não pode “simplesmente abandonar a política por completo e admitir que se equivocou. Isso colocaria em questão a legitimidade deste regime”.
Em seguida, o presidente do PRI indicou: “Agora, estão permitindo aos casais terem um segundo filho. Mas não esperem que se detenha aí. Um governo determinado em controlar a fertilidade do seu povo fará tudo o que for possível a fim de produzir o número de crianças que ache necessário”.
Por sua parte, Carlos Polo, diretor do PRI para a América Latina, disse que é óbvio que “a China não pôde mais com o evidente. Atualmente, até o mais míope dos políticos chineses sabe que estão em uma falência demográfica, a qual se transformará em uma falência econômica e social dentro de alguns anos”.
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Pólo recordou ainda que o governo chinês “comprou há algumas décadas a ideologia do controle demográfico e a política do filho único, produtos da fraude intelectual conhecida como ‘explosão demográfica’”.
“Nunca existiu tal explosão, muito menos necessidade dos abortos forçados e das esterilizações forçadas na China. Pelo contrário, todos os milhões de chineses abortados antes de nascer são os que atualmente fazem falta para manter a produtividade da sua economia”, assinalou.
Pólo explicou que “isto se aplica na China, assim como em todos os governos que acreditam que o controle de natalidade traz benefícios para suas nações. As promessas e predições durante a década de 70, a qual afirmava que a anticoncepção traria benefícios econômicos, assim como liberdade para as mulheres, bem-estar e felicidade familiar, entre outras coisas, contrastam com as consequências econômicas e sociais que hoje a China está pagando”.
Mesmo assim, para Carlos Pólo a decisão do governo da China de deter a política do filho único “não ataca o problema de fundo”.
“O governo chinês continua violando os direitos humanos ao acreditar que pode e deve administrar a fertilidade dos seus cidadãos. Isto não mudou em nada. Apenas fixou uma nova cota”, advertiu.
A única medida que o governo chinês fez, criticou, “foi soltar um pouco as correntes desta opressão que milhões de mulheres chinesas continuarão sofrendo”, concluiu.
Confira ainda:
A política do filho único matou mais de 400 milhões de crianças na China