HAVANA, 12 de nov de 2015 às 15:55
Depois de aproximadamente dois meses de prisão, foram libertados na segunda-feira, 9, os três dissidentes da União Patriótica de Cuba (UNPACU), que em 20 de setembro burlaram a segurança cubana para aproximar-se do Papa antes da Missa em Havana. Um deles chegou até o papamóvel e disse ao Papa Francisco: “Senhor, esta é uma ditadura”. Segundo ele, o Pontífice lhe respondeu: “Está bem, meu filho. Muito obrigado. Eu já sei”.
TR @AlPunto #Exclusive 3 persons detained during #PopeFrancis visit to #Cuba #PopeInCuba http://t.co/VarrlfLRHs pic.twitter.com/3Mhbhamvgk
— John Suarez ? (@johnjsuarez) 20 setembro 2015
Em um vídeo difundido na terça-feira, 10, pela UNPACU, os ativistas Zaqueo Báez Guerreiro, Ismael Boris Reñi e Maria Acón – que também pertence às damas de branco –, relataram como conseguiram evitar a segurança armada pelo governo cubano durante os dias da visita do Papa, a qual consistiu um bloqueio telefônico contra os opositores e a vigilância de suas moradias.
Zaqueo Báez, opositor que chegou até o papamóvel, contou que alguns dias antes da chegada do Pontífice se esconderam na casa de um amigo “porque nossas casas estavam cercadas pela segurança do estado, o qual nos assediava constantemente” a fim de que não participássemos dos eventos com o Santo Padre.
“Sabemos que houve muitos irmãos valentes que trataram de chegar, mas devido a este regime ditatorial e a forte repressão”, não o conseguiram, relatou.
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No seu caso, indicou: “Neste dia, dirigimo-nos à praça (…), chegamos ali e tentamos procurar um lugar onde pudéssemos expressar nossas ideias. Pois o objetivo principal era conseguir falar com o Papa para que intercedesse pelo povo cubano”, assinalou.
Em seguida, contou que quando o Santo Padre já estava perto, foi onde estava um membro da segurança papal e, ficando de joelhos, pediu-lhe: “’Senhor, me deixe dizer ao Papa que isto é uma ditadura’. E com um espanhol muito fluido, um dos guardas do Papa me disse ‘levanta-te, corra e diga-lhe’”.
No momento em que estava junto ao papamóvel – como viram na televisão internacional –, Zaqueo chegou perto do veículo e disse-lhe: “Senhor, isto é uma ditadura. Raul Castro é um mentiroso, isto é um regime ditatorial. Esta nação está sob a mais cruel das misérias humanas e aqui todos os domingos maltratam as damas de branco ao sair da Igreja de Santa Rita”, relatou.
Em declarações durante esta segunda-feira à Radio Martí, o ativista da UNPACU assegurou que o Papa lhe respondeu: “Está bem, meu filho. Muito obrigado. Eu já sei”.
Nesse momento, Zaqueo foi preso por agentes cubanos vestidos de civis, assim como Ismael e Maria. Enquanto era retirado da praça, Báez lançou uns santinhos com uma oração que pede para Cristo lembrar “dos seus filhos cubanos pois o necessitamos, dá-nos fortaleza para que nossa nação viva na liberdade e na verdade. Ensina-nos a amar aqueles que nos ofende e a proteger os excluídos”.
“Abençoa-nos com o dom do perdão a fim de que reine a justiça, a paz social e a reconciliação nacional. Fortalece a esperança de quem está longe de casa, desejando voltar para sua pátria querida e pela unidade familiar”, expressa a oração.
Os três foram retirados da praça, rodeados por vários guardas vestidos de civis, e permaneceram presos até a última segunda-feira. Entretanto, serão julgados pelo que aconteceu naquele dia 20 de setembro.